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Você é doido ou o quê?

Anaved Ubab*




Alguns dizem que são doidos. Outros que são normais.

Mas há quem seja mais do que isso. Há quem seja o que maioria não é. Há quem seja "O Quê".

Compreendamos:Existe alguma nobreza na loucura. Vive-se uma outra realidade, um outro mundo. Liberta-se. Claro, é uma disfunção. O que muitos caracterizam como loucura é uma disfunção ou, melhor dito, uma neofunção do cérebro. Um surto. Um click, muitas vezes acionado por um trauma. Uma imposição. Uma imposição ou um querer. Um click que talvez seja um necessidade fisiológica de libertação, ou, por vezes, uma questão de sobrevivência do cérebro. Um c1ick em que o seu cérebro se torna capaz de enxergar, de compreender uma lógica alternativa, de captar um outro mundo, um outro universo. Um c1ick em que se dá nova interpretação de novos sinais e os códigos criam uma composição diferente. A loucura é o que parece ser um sexto sentido. Os médiuns mediunizavam graças à loucura. Einstein só formulou a teoria da relatividade por que estava sob o efeito da insânia. Picasso não podia ser diferente, pintando aquelas figuras desajeitadas. Meu amigo Martinho (Lutero, é lógico) também era outro doidinho. Se não fosse assim ele não ia enfrentar a igreja católica sozinho pois esse plano não tinha como dar certo. Igualzinho a um outro, Galileu Galilei, dizendo que a terra girava em torno do sol. Por isso que ele se ferrou. Ficou preso até morte.

Mas apesar de toda a nobreza que há na loucura, ela não é um sexto sentido como eu disse parecer. Ela é sim, u sentido alternativo que, portanto, exclui os outros e, nisto, consiste o erro que o afasta do ideal. Os loucos são capazes de enxergar uma realidade alternativa, mas não o são em relação à realidade dos normais.

Mas existe um outro nível. Um que supera o nível primitivo dos normais e o pouco evoluído dos loucos.

Existe o "0 Quê".

O "O Quê" é a salvação da humana espécie. A passagem definitiva da condição de homo sapiente a uma espécie mais evoluída. O homo multiplaesapiens. O "O Quê" é capaz de enxergar e conviver com todas as realidades e mesmo assim saber que nenhuma é real, sem discriminá-las e sem elegê-las. O "O Quê" não é louco. O "O Quê" compartilhará as múltiplas realidade com o próximo sem maiores conflitos e saberá de uma vez por todas que o chuvisco de uma TV não é a ausência de imagens. O chuvisco é a imagem. E também que o silêncio não é a falta de sons. O silêncio é um som pertinente que não faz barulho.

A loucura não é a perda do nexo. Antes é um nexo alternativo e ninguém poderá dizer que é falso.

Finalmente, o "O Quê" é o agregado de toda consciência possível. É a harmonia de todos os indivíduos (sem papinho furado de riponga) em todas as realidades e possibilidades diferentes, em universos paralelos que interagem!**

E você? É normal?

Você é doido ou “O Quê?”***



* Devana Babu é poeta, contista, cronista, romancista, masoquista, maoísta, trotskista, anabatista, autista, petista, ciclista, xiita, batata frita...

devanababu@gmail.com

** Exclamaçãozinha para homenagear o final dos sonetos de Augusto dos Anjos.

*** Indagações filosóficas repetitivas para homenagear o começo e o fim dos poemas e textos do Borba.

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