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PV declara compromisso com seus negócios políticos

Vitória da Conquista, Bahia, 17 de outubro de 2010

Todo partido político tem posição ideológica, ou seja, não há neutralidade ideológica para agremiações classificadas como partidos políticos. Aliás, atualmente, até nas Ciências Sociais há forte corrente de pesquisadores que rechaça a idéia de neutralidade axiológica na produção das pesquisas. Afinal, todo ser que pensa opta por determinados valores na vida.

O segundo turno das eleições de 2010 deixa o PV numa encruzilhada, imerso em enunciativa contradição: Se declara apoio a José Serra, como a maioria do Diretório Nacional sinalizava, o PV mancha a biografia da candidata Marina Silva, que tem sua história de vida identificada com as lutas políticas do Projeto Político de Esquerda.

A contradição do PV – e que tenta esconder da população – é que sua direção partidária nacional (e, portanto, parte de sua base social) gostaria de ter o PV como alternativa política de centro-direita, enquanto sua candidata à Presidência no primeiro turno, Marina Silva, por sua honrada biografia, inclusive, certamente preferiria o PV como referência ideológica de Centro-esquerda.

Se a Direção Nacional afirma sua posição (já extravasada no PV do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, de apoio ao Projeto Político do PSDB), desqualifica sua mais recente liderança popular nacional – Marina Silva - que recebeu quase 20% dos votos da população, e, certamente, essa população enxergou no semblante daquela candidata a marca de importantes lutas sociais em respeito aos direitos dos excluídos, uma vez que Marina já foi uma excluída e não renega seu passado.

Marina, em 01 de Outubro, fez severa crítica ao candidato Serra:

Ele vai perder perdendo, o Serra. Ele tinha toda essa imagem de uma pessoa que prima pela gestão pública, pela eficiência, e descambou para o caminho do vale-tudo eleitoral”, disse Marina, enquanto esperava o carro para deixar os estúdios da TV Globo em Jacarepaguá, no Rio.
Para a senadora, Serra começou mal a campanha e, quando começou a cair nas pesquisas, apelou ao “promessômetro”.

“Ele não tem programa, subestimou a Dilma, se preparou para ficar fazendo só o embate como se ele fosse falar e o mundo fosse estremecer. Quando não deu certo, começou a fazer um festival de promessas”, afirmou.

Marina apontou contradições entre a imagem construída por Serra e propostas como duplicar o Bolsa Família e criar novos ministérios.
“Criticava o inchaço da máquina pública e sai da campanha prometendo dois ministérios, isenção de impostos para tudo quanto é lado… eu não sei como é que isso se realiza. Então vai perder perdendo”, afirmou.

Assim, o PV, ainda deslumbrado, perde a oportunidade de ter uma posição de coragem, de autodeterminação ideológica frente a toda sua militância e à população brasileira. Para fugir da transparência, sai com essa de “neutralidade”, como já anunciam as principais manchetes dos Jornais de grande circulação.

Isso é uma vergonha! A posição de suposta neutralidade dos Estados Unidos da América durante a Segunda Guerra Mundial – neutralidade que na verdade significava sua covardia de assumir publicamente apoio aos nazistas que ajudavam a reprimir os avanços do comunismo – serviu para manter seus negócios políticos e econômicos, mas, principalmente, para prolongar o domínio nazi-fascista no mundo, responsável pelo extermínio de milhões de pessoas e pelo enraizamento da cultura do medo.

Assim se aparenta o Partido Verde, declarando suposta “neutralidade” para manter seus negócios políticos nos estados e municípios onde obtiver mais ganho, se junto ao PT ou se junto ao PSDB/ DEM.

Acredito que sequer há uma crise de identidade na falta de transparência política do PV; o que vejo mesmo é uma irresponsabilidade social profunda com o futuro do meu país, pois é inegável que durante os 08 anos de Governo Lula foram retirados mais de 23 milhões de brasileiros da linha de miséria, enquanto no Governo FHC foram apenas 2 milhões.

O PV, neste momento, não se importa com os destacados avanços sociais obtidos no governo do PT, e, portanto, não está nem aí – ou será isso mesmo que queira - com a reação conservadora numa suposta vitória do PSDB. Reação conservadora é, no mínimo, mais concentração de renda, de propriedade e de conhecimento.

O que resta, agora, àqueles que, como eu, gostam de posições firmes, esclarecedoras; eu, que me filiei ao PV, há 06 anos, por acreditar no seu projeto de desenvolvimento sustentável, aliando as forças do capital com os interesses de distribuição de renda, para construir um mundo mais humanizado, de menos repressão social?

Maurício Sena
Secretário de Comunicação e Juventude do PV/Vitória da Conquista

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