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Sobre uma certa foto de um certo Quentin Tarantino


“Adoro a violência. Às vezes acho que Thomas Edison inventou a câmera só para que pudéssemos filmá-la.” Quentin Tarantino, excerto da revista VEJA
Uma carinha persistentemente de sádico.

Uma carinha que muitos dos americanos têm e disfarçam, e que ele exibe e mais que isso: ostenta.

Ele tem fogo nos olhos, sua têmpera esconde uma câmara de tortura, suas bochechas abrigam terremotos, tsunamis e furacões. Seu queixo repartido e arredondado é como as nádegas de uma mulher fatal. Sua boca miúda é como o portão do inferno, sempre fechado e sempre prestes a abrir. Suas orelhas são como um labirinto de armadilhas e maldades maquinadas. Sua sobrancelha é a fronteira que delimita as dependências de sua mente malévola. Seus cabelos arrepiados, poucos e concisos, são símbolo de uma inquietude maquiavélica e quase diabólica - não fosse o fato de o diabo sentir nele um perigoso concorrente.

Toda essa estrutura mefistofélica é comandada por um cérebro - mas não qualquer cérebro - pois trata-se de um cérebro feito de engrenagens, e correias, e correntes, e moinhos que maquinam o sangue que corre nas ruas e nos lugares longe dos quais ele está, e que ele fomenta através de suas imagens e concepções terroristas, para que o sangue das mulheres espancadas pelos maridos, pelos filhos e violentados pelos pais, pelas gangues que se batem, e finalmente pelo sangue das vítimas daqueles bem nascidos, que aprendem a também se divertirem com a violência e dão inicio assim a uma corrente crescente de sádicos e doentes, que garantirão para sempre alimento e diversão para o cérebro de Q.T. Essa estrutura toda, comandada por toda uma outra estrutura, acha-se agrupada em uma cabeça fria e calma, levemente pendendo para baixo e à direita, numa atitude talvez de desprezo ao conceituado bem e á reverencia ao convencional, convencionado e mítico símbolo da maldade universal.

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Não obstante a todos esses elementos, se criássemos uma associação destinada a lhe garantir uma hora diária de violência e tortura na própria carne dele, certamente ele perderia pouco a pouco seu amor pela violência.
Devana Babu

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