FILHO – Ai, ai, ai! Vai com calma, pai, que tá doendo!
PAI – Calma, calma nada. Vou te dar é uns tabefes para ver se você aprende.
FILHO – Aprender? Mas até que eu sei coisa demais. Ai, me defende, mãe!
MÃE – Seu pai tem razão.
DOUTORA – Mas que balbúrdia é essa no meu consultório?
PAI – É o meu filho, doutora. Ele está louco!
DOUTORA – Como assim - louco?
PAI – É, doutora. Ele só faz o que não presta.
FILHO – Caraca, que absurdo! Me defende, mãe!
MÃE – Seu pai tem razão!
FILHO – Não tem não, pois eu faço altas coisas que prestam. Eu sei fazer gelatina de vodka, rapadura de wisk, cocada de 51...
DOUTORA – Ah! Então o senhor é barman.
PAI – Barman?! Isso é um cachaceiro safado, doutora!
FILHO – Cachaceiro não. Sou um apreciador de certos líquidos que, em contato com o meu organismo, liberam a minha mente e me tornam mais feliz. Que culpa tenho eu se esses líquidos todos tem álcool?
PAI – Resumindo, um CACHACEIRO!
FILHO – CARACA, isso é um absurdo! Me defende, mãe!
MÃE – Seu pai tem razão!
PAI – Isso aí, doutora. Escova os dentes com 51...
FILHO – É por isso que o meu beijo deixa as meninas embriagadas de paixão.
PAI – Com esse bafo de cachaça até Presidente fica tonto.
FILHO – CARACA, que absurdo! Me defende, mãe!
MÃE – Seu pai tem razão!
DOUTORA – Tá bom, mas por que você bebe?
FILHO – Eu bebo porque é líquido, porque se fosse sólido eu comia, e, se fosse gasoso, eu cheirava.
PAI – Pode internar doutora! Isso é coisa que um jovem diga?
FILHO – CARACA! Ninguém me entende!
DOUTORA – Então o problema é que ele bebe muito?
PAI – Bebe muito? Se brincar, doutora, no lugar da bexiga ele tem uma bomba de gasolina.
FILHO – CARACA, que absurdo! Me defende, mãe!
MÃE – Seu pai tem razão!
DOUTORA – E o que ele tem além do alcoolismo?
FILHO – Cabeça, tronco e membros. Não tá vendo?
PAI – Tem uma cabeça oca, de tanta maconha que fuma.
DOUTORA – Então o senhor fuma maconha?
FILHO – Fumo não. Sou defensor de uma filosofia de vida, que busca extrair de certa erva o potencial necessário para libertar a minha mente dos padrões arcaicos em que ela vive. Que culpa tenho se eu só encontro isso na maconha.
PAI – Traduzindo, um cabeça-oca.
FILHO – CARACA, que absurdo! Me defende, mãe!
MÃE – Seu pai tem razão!
FILHO – Eu não sou um cabeça-oca. Eu tenho muita coisa na cabeça, pois se eu bebo é para subir para a cabeça, se eu fumo é para subir para a cabeça, então minha cabeça está entupida de tanta coisa que ela tem.
DOUTORA – Mas por que o senhor fuma maconha?
FILHO – Porque um dia eu comi com farinha e me engasguei, então eu decidi que era melhor só fumar. E a erva me relaxa, me deixa bem zen...
PAI – Zen? Zen vergonha: é isso que você é!
DOUTORA – Calma, senão o senhor só vai piorar a situação.
PAI – É que isso me tira do sério, doutora.
FILHO – Então dá um tapa na erva para relaxar.
PAI – Eu vou dar um tapa em você, se continuar com essa história.
FILHO – CARACA, que absurdo! Me defende, mãe!
MÃE – Seu pai tem razão!
DOUTORA – E quando foi que o senhor percebeu, que o seu filho estava neste estado?
FILHO – Nesse estado? Mas a gente sempre morou em Brasília, não é pai?
PAI – Cala boca! Bem doutora, foi quando começou a sumir as coisas lá de casa...
DOUTORA – Então você rouba o seu próprio pai?
FILHO – Roubo não. Eu sou negociante de objetos com um alto valor sentimental. Que culpa tenho se esses objetos estão todos lá em casa?!
PAI – Isso é roubo e dá cadeia.
FILHO – CARACA, que absurdo! Me defende, mãe!
MÃE – Seu pai tem razão.
DOUTORA – O quadro é complicado, mas já sei como resolver. Eu só quero saber uma coisa...
FILHO – Eu sabia que tava rolando um clima, eu sou solteiro, gatinha.
DOUTORA – Não é isso!
FILHO – Já sei, meu numero é 9999-5555.
DOUTORA – O que eu quero saber é se você é feliz?
FILHO – Sou, claro que sou. Divirto-me com os meus amigos, pego “altas” gatinhas, curto “altas” viagens. Sou muito feliz.
DOUTORA – E depois? Quando passa o efeito disso tudo, você ainda é feliz?
FILHO – Bem, depois é depois, né?
DOUTORA – E depois?
FILHO – Depois é depois.
DOUTORA – Você é feliz?
FILHO – Depois, bem depois, depois? NÃO! Eu não sou feliz!
PAI – Eu não posso ver o meu garotinho chorar que eu também me dá vontade de chorar.
MÃE – Você tem razão!
DOUTORA – Já chega! Vocês precisam de uma cirurgia no espírito, na alma e no corpo.
FILHO – Detesto cirurgia!
DOUTORA – Mas essa não dói, pelo contrário, faz um bem...
PAI – Mas doutora, essa cirurgia é cara? Eu estou sem dinheiro nenhum.
MÃE – Ele tem razão.
DOUTORA – Também não custa nada.
FILHO – Peraí? Cirurgia no espírito? A senhora é macumbeira?
DOUTORA – Não é nada disso. Eu vou apresentar vocês a JESUS CRISTO, ele vai transformar o choro, o sofrimento e toda confusão em paz, alegria, amor, prosperidade e vocês serão homens e mulheres apostólicos. Basta entregar o seu coração e sua vida a ele.
FILHO – Ele é cardiologista?
MÃE – Calem a boca! E vamos ao encontro de Jesus Cristo, pois eu gostei dessa história de ter uma família apostólica.
FILHO – É isso aí, coroa! Botei fé em você, véia!
MÃE – Me respeite, que eu ainda sou sua mãe!
PAI – Sua mãe tem razão!
DOUTORA – Que família! E você ta esperando o que para encontrar com JESUS CRISTO? VEM CONOSCO!
César Cavalcante
0 Comentários