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O Inimigo

A cena começa com três palhaços, saindo do meio do público, cantando, dançando e brincando com o público, até chegarem ao palco.

GELEIA – oh pessoal, hoje eu to afim de brincar.

MEIO METRO – mas a gente vai brincar de que?

BENGALA – (pensativo) Hum... Que tal se a gente brincar de quem tira a meleca do nariz?

GELEIA – credo! Mas isso é muito nojento!

BENGALA – então vamos brincar de quem cospe mais longe.

MEIO METRO – se ta doido! Pode acertar em alguém da platéia.

BENGALA – já sei! Vamos brincar de quem arrotar mais alto.

GELEIA – nossa como você é porco.

BENGALA – vocês são sem graça. Minhas idéias são geniais.

MEIO METRO – já sei. Vamos perguntar pro pessoal de que eles querem brincar.

GELEIA – e ai pessoal vocês querem brincar de que? (momento de interação com o público).

BENGALA – tive uma idéia massa.

MEIO METRO – lá vem outra idéia asquerosa. O que é agora?

BENGALA – vamos jogar vôlei!

GELEIA – eco vôlei é... Vôlei... Vôlei é massa. Taí gostei.

MEIO METRO – beleza, então vamos formar as equipes. De um lado eu e bengala. (levando bengala pro seu lado).

GELEIA – e do outro eu e bengala. (arrastando bengala pro seu lado).

MEIO METRO – não o Bengala é meu.

GELEIA – não o Bengala é meu. (uma puxa ele para um lado e a outra pro outro lado).

BENGALA – calma ai pessoal. Tem Bengala pra todo mundo. (se soltando). E além do mais ta faltando alguém aqui.

MEIO METRO – é verdade. Mas quem?

GELEIA – vamos fazer a chamada, pra ver quem faltou. (tira um papel do bolso e lê). Bengala?

BENGALA – presente.

GELEIA – meio metro?

MEIO METRO – presente!

GELEIA – geléia? Presente! Krazyback? Krazyback?

MEIO METRO – cadê o krazyback?

BENGALA – (para o público) vocês viram o krazyback?

GELEIA – vamos procurar o krazyback! (eles saem pelo meio do público, procurando o krazyback).

TODOS – krazyback? Oh krazyback? Cadê você rapaz? Homem apareça. Você viu o krazyback. Onde ta esse cabra? (de repente entra krazyback com um pedaço de papel na mão e chorando freneticamente. E parando no palco, os outros vão lá pra ver o que aconteceu).

MEIO METRO – o que foi que aconteceu krazyback? (krazyback tenta falar, mas só chora).

BENGALA – não entendi, fala direito. (kazyback fica chorando e apontando para o papel que segura na mão).

GELEIA – o que tem o papel? Deixa eu ver. (geléia pega o papel olha e começa a chorar).

MEIO METRO – meu Deus o que foi? O que está escrito no papel?

GELEIA – (falando e chorando). É que eu não sei ler.

MEIO METRO – fala sério! Me dá esse papel aqui. (pega o papel da mão de Geléia, ler e começa a chorar também).

BENGALA – o que foi? O que ah de tal horrendo nesse papel? Que você ta chorando?

MEIO METRO – é que eu também não sei ler.

BENGALA – essa é demais pra mim. Deixa eu ver esse papel. (pega o papel e olha e começa a chorar).

GELEIA – por que você ta chorando?

BENGALA – é que eu esqueci os meus óculos de leitura e ta tudo embaçado. (todos choram).

MEIO METRO – (parando de chorar) espera um pouco. A gente ta chorando sem motivo. Oh krazyback engole o choro.

KRAZYBACK – engoli.

GELEIA – respira fundo.

KRAZYBACK – respiri.

BENGALA – parou?

KRAZYBACK – pari.

MEIO METRO – então conta pra gente o que está escrito nessa carta?

KRAZYBACK – aqui ta dizendo que o nosso inimigo está vinda para roubar a nossa paz, matar nossa esperança e destruir a nossa alegria.

GELEIA – mas ai ta dizendo quando ele vem?

KRAZYBACK – não. Ele pode chegar a qualquer momento.

BENGALA – pois ele pode vir que eu vou mostrar pra ele meus golpes de karatê. (ele faz gestos exagerados como se estivesse lutando. De repente eles ouvem uma risada assustadora e o bengala desmaia).

MEIO METRO – bengala! Bengala! Acorda bengala, bengala acorda.

BENGALA – a corda eu vendi e comprei balinha. Hã o que foi? Onde estou?

KRAZYBACK – você estava mostrando seus golpes de karatê quando você desmaiou ao ouvir a risada.

BENGALA – eu não desmaiei ao ouvir a risada, é que eu sofro de labirintintismose. (eles ouvem a risada de novo e todos se abraçam tremendo).

GELEIA – e agora o que vamos fazer?

MEIO METRO – valei-me meu Deus.

BENGALA – ai mãe preta e banguela me ajude.

KRAZYBACK – calma, calma. Eu tive uma idéia. Vamos nos separar pra que a gente possa enxergar melhor. E ver quando esse nosso inimigo vier nos atacar. E quando ele vier um avisa para o outro. Beleza?

MEIO METRO – boa idéia. Eu vou verificar se ele vai estar na minha casa embaixo da minha cama.

BENGALA – deixe de ser frouxo que essa função é minha.

GELEIA – é melhor a gente não perder tempo se não esse tal de inimigo vai pegar-nos desprevenido.

KRAZYBACK – então vamos. (eles se separam, cada um vai para um lado de modo que um fica de costas para o outro e não se vêem. E ficam fazendo gracinhas com o publico. Nisso o inimigo entra com uma roupa preta e com uma mascara e vai atacar um por um).

INIMIGO – olá palhacinha!

GELEIA – olá. (ela responde sem olhar pra ele. E conversa com ele sem olhar pra ele).

INIMIGO – o que você está fazendo aqui?

GELEIA – eu to esperando um tal de inimigo aparecer.

INIMIGO – e quando ele aparecer você vai fazer o que?

GELEIA – ah eu vou... Eu vou.... Você sabe que eu não sei. Eu acho que se ele aparecer eu vou. (se vira e olha para o inimigo e ela começa a tremer). EU VOU CORRER. (e sai correndo).

INIMIGO – um já foi. Só faltam três. Olha palhacinha.

MEIO METRO – oi. (responde sem olhar pra ele, e conversa sem olhar pra ele).

INIMIGO – o que você está fazendo?

MEIO METRO – eu estou observando. Pra ver se eu avisto o meu inimigo se aproximando.

INIMIGO – e como é este inimigo?

MEIO METRO – ele é... ele é... é verdade eu não sei como é ele, mas eu acho que ele é... (se vira e vê o inimigo). HORRORIVEL. (e sai correndo).

INIMIGO – isso vai ser mais fácil do que pensei. Vamos para o próximo.

Olá palhacinho.

BENGALA – oi. (a mesma coisa das outras cenas).

INIMIGO – o que você está fazendo?

BENGALA – estou esperando um sujeito descarado chegar.

INIMIGO – e quem é?

BENGALA – é um tal de inimigo.

INIMIGO – inimigo?

BENGALA – pois é. E isso lá é nome de ser dar pra alguém. Um ser desse deve ser filho de uma chocadeira.

INIMIGO – o que?

BENGALA – mas é.

INIMIGO – você devia ter mais respeitar o que você não conhece.

BENGALA – isso é coisa de covarde. Se eu ao menos eu conhecesse talvez eu tivesse medo dele.

INIMIGO – então. Prazer eu sou seu inimigo.

BENGALA – prazer eu sou o Ben... (ele se vir a vê o inimigo e começa a tremer). Ben... MAMÃE! (e sai correndo).

INIMIGO – só falta um. Esse vai ser fácil. (o inimigo fica sempre atrás do krazyback sem que ele perceba).

KRAZYBACK – oh pessoal vocês já viram o inimigo. Oh pessoal! Cadê vocês? Mas que amigos mais sem vergonha eu tenho. Eles me abandonaram. (falando com o publico). Vocês meus amigos? O inimigo? Aonde? Atrás de mim? (ele se vira e não vê nada, pois o inimigo fica sempre atrás dele). Vocês tão mentindo pra mim. Ah ele ta do outro lado. (ele se vira e não vê nada). Credo que coisa feia mentir é muito feio. O que? É pra eu colocar minha mão pra trás. Então ta. (ele coloca a mão pra trás e toca na cara do inimigo. E se treme todinho. Ele olha pra trás vê o inimigo e sai correndo).

INIMIGO – pronto. Já espantei todos. Agora eu vou espalhar a desesperança, vou acabar com os sonhos e com isso destruir toda a alegria. (e da uma gargalhada tenebrosa. Os palhacinhos voltam escondidos pelo fundo do palco).

GELEIA – e agora o que a gente faz?

MEIO METRO – a gente pode correr.

BENGALA – eu concordo.

KRAZYBACK – mas a gente vai deixar ele destruir tudo o que há de importante no mundo. Nós não podemos aceitar isso.

MEIO METRO – você quase me convenceu.

BENGALA – é verdade. Vamos fugir

GELEIA – Espera um pouco gente. O krazyback ta certo. Não podemos aceitar a opressão, nem o medo em nossas vidas.

MEIO METRO – e o que você sugere?

GELEIA – que um de nós vá lá e enfrente o inimigo.

KRAZYBACK – e quem vai lá?

BENGALA – vamos por idade.

MEIO METRO – então vai o mais velho.

GELEIA – concordo.

KRAZYBACK – hei eu sou o mais velho.

BENGALA – que bom que você aceitou sem reclamar.

KRAZYBACK – mas... mas...

MEIO METRO – então logo lá. (e eles ficam empurrando o Krazyback).

BENGALA – senhoras e com horas, meu povo e minha pova. Vocês verão agora o combate do século. De um lado ele que é grande, forte, assustador, asqueroso, nojento e feio. O inimigo. Uma salva de vaias pra ele. Do outro lado ele que pesa 20 kg, mede 1.30 m, e feio virado na gota. O nosso herói krazyback, palmas, muitas palmas pra ele. E agora com vocês nosso momento STAR WARS. (eles lutam como no filme star wars). E agora com vocês nosso momento MATRIX. (eles lutam como no filme matrix. Porém krazyback apanha. Os outro palhaços entram em cena e os três batem no inimigo que sai correndo).

TODOS – vencemos.

KRAZYBACK – vocês viram como eu botei ele pra correr?

MEIO METRO – ah sim com certeza.

GELEIA – o melhor de tudo que ele não vai mais voltar, pois se ele voltar vai saber que tem um povo aqui que sabe lutar por aquilo que acredita.

BENGALA – ah é? E quem são?

MEIO METRO – os xiitas. Né?

GELEIA – não. Somos nós.

KRAZYBACK – é verdade. Com a nossa união vencemos aquilo que nos oprimia. Logo a união não faz só açúcar, mas também a força.

BENGALA – ta tudo muito bom, mas eu to com fome.

MEIO METRO – eu também.

GELEIA – minha mãe fez um bolo de chocolate. Vocês querem?

KRAZYBACK – não, preferimos ficar com fome. (irônico).

MEIO METRO – eu vou desde que o Bengala não fique fazendo aquelas nojeiras igual a ultima vez.

BENGALA – ta bom. Quem chegar por ultimo é a mulher do padre.

KRAZYBACK – olha o inimigo ali bengala.

BENGALA – aonde? Aonde? (bengala fica procurando com medo).

TODOS – enganamos o bobo na casca do ovo.

BENGALA – isso não se faz. Eu tenho labirinritismose. Vocês sabiam. (todos saem de cena. A cortina se fecha).


FIM

CESAR CAVALCANTE

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