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Entre Deus e o Diabo - A revolução etérea

O começo de tudo, este deve ao anjo lúcifer. Isso mesmo, o que se revoltou contra Deus. Não que isso seja uma verdade absoluta, pois apesar de realmente lúcifer ser revoltado contra Deus, e contra suas idéias, (isto secretamente), de ele ter demonstrado isso claramente, não foi isso a revolução de fato. Lúcifer demonstrou seus conceitos e não demonstrou, quer dizer... É um tanto complexo. Tentemos explicar bem; dando assim um testemunho verídico e uma revelação inédita. Uma consciência que nem anjos nem homens ainda tiveram:A dita revolução, para Yaveh e Lúcifer, que estavam por trás de tudo, era um simples acordo. Para o povo de éter, tratava-se de um inconformismo absurdo, uma revolta vã, que levou determinados anjos á privação de todas as benignidades oferecidas pelo maior de todos.Lúcifer era um verdadeiro covarde. Sempre tivera aversão às idéias do “Eu Sou.” Porém, jamais queria se privar de qualquer conforto, ele que era o primeiro ser, depois de Deus, o maioral. Mas dentro dele havia um desejo enorme de acabar com toda essa mentira. Não era um sentimento angelista, de liberdade pra todos, de acabar com a mentira, nada disso. Ele tinha a consciência, isto é, ele acreditava que a mentira não é uma coisa ruim. Muitas vezes pode até ser boa. E quanto aos outros anjos... Eles não se importavam realmente com aquilo. Simplesmente viviam felizes. Mas o que pegava era ele próprio. Aquelas idéias o atingiam profundamente. Não se adaptava a elas. Para ele, uma revolução não se baseava em salvar os outros de algo que não os incomoda, mas de se livrar de algo que o incomoda. Logo, bastaria que ele pudesse agir de acordo com suas próprias idéias.Porém certa vez lhe caíram nas mãos informações sobre a criação de um novo mundo, habitado por novos seres, mais habilidosos que os anjos, mais inteligentes que eles, com uma maior capacidade evolutiva, e, o que é pior, com um tal de livre arbítrio.Lúcifer era capaz de ver nessas informações mais do que a oportunidade de injuriar uma boa parcela dos anjos, mas de fazer algo mais inteligente, ou talvez mais nobre. Havia também o fato de que embora nada se provasse nem se demonstrassem, muitos anjos acreditavam piamente que lúcifer seria um rebelde.Na verdade, lúcifer não era realmente um cara mal. Isto é: até então não o era, só que suas idéias não eram compreendidas. Eram demasiado avançadas. Era realmente liberal, permissivo à idéias inimagináveis. Um anti-antiquado, antagonista a louvores, rezas, orações, dogmas, todo tipo de repressão e limitação da alma e da criatividade, adverso à obediência cega, à flexibilidade das regras, e à criminalização de certas coisas. Controverso a idéia absolutista de Deus, à sua incontestabilidade, a sua sempre certeza. Mas continha isso dentro de si. E só aliviava isso quando questionava isso aos outros anjos, sempre sem resposta convincente.A grande contradição é que no ápice de toda a sua consciência, e tendo amigos e conhecidos com tendências às suas idéias, com uma mente (anjo também é gente!), mais aberta, porém nunca, jamais, discutia nem exprimia isso a ninguém e tudo por quê? Por convenções sociais. Apesar de toda a sua filosofia, praticava o que recriminava estava preso á um sistema que ele não curtia, até mesmo era O primeiro Ser depois de Deus.Era uma característica inegável no lúcifer que ele dominava a palavra. Com seus pensamentos e sua verborragia, era capaz de metamorfosear e camuflar as situações, era capaz de transformar pedra em pau e pau em pedra se houvesse paus e pedras em éter. E ele o faria. Tinha a rara habilidade de manipular as situações, transformar, inverter, fazer com que as pessoas vissem o que ele quisesse coisas que provavelmente fugiram ao controle de qualquer anjo ou pessoa, mas ele sabia manipular e transformar em boas oportunidades. Era decerto um grandessíssimo marketeiro sabia fazer uma imagem. Tinha a suma capacidade de transformar qualquer bêbado pervertido em beato, de te provar que a frutose é uma substancia mineral, como o sal. Convertia qualquer ladrão em uma alma caridosa (Robin-Hood deve ter feito um pacto com ele).Era capaz até de provar pra você que você é qualquer coisa, te convencer de que você mesmo não existe.E tudo isso de que servia?Para ele mesmo. Imprimia as mais diferentes impressões sobre os mais diferentes anjos. Enquanto Freud pensava em virar médico lúcifer já dominava até a psicologia dos anjos. Usava a sua imagem para se favorecer, mesmo que para isso tivesse de criar uma imagem ruim.Por diversas vezes, as praticas de Lúcifer relativas à suas habilidades acabaram por criar e reforçar o mito satã, que é justamente aquele que prove dinheiro, fama, mulheres (ou homens) e que pode prover a qualquer um de qualquer coisa. O tempo e o exercício da “profissão” só aumentaram a sua eficiência. Antes mesmo de disseminarem entre os tolos mortais que ainda não existiam esses conceitos ambíguos de céu e inferno, Deus e Diabo, os “serezinhos”, que recém-habitavam o “planetinha” puderam testemunhar o “Mensageiro Das Trevas” a fazer suas mirabolâncias para distrair os homens do caminho reto. Isso acabou criando na mente dos “serezinhos” o estereótipo até hoje conhecido como Diabo. Isso e o fato de Deus ter comprado a alma de um tal de Jacó pra criar uma Imagem humanamente negativa para o Lúcifer e endeusar à Javeh. Sendo postos em questão todos esses fatos, lúcifer e Javeh dramatizaram e ensaiaram toda a épica trama que chamariam de revolução e que culminaria na máxima que regeria a vida dos mais tolos mortais.Ou seja: arquitetaram a revolução para que os homens tivessem de viver entre Deus e o Diabo.




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Pois lá estava o lúcifer calmamente (o que quer que se entenda por calmamente em matéria de maquinações luciferianas) caminhando pela éter quando... Calmaê, eu disse éter, foi? Eu já falei sobre éter? Vixe, não falei não... Acho que eu pulei um capítulo... Então vai pro post de cima que a gente dá um jeito.



Éter era o princípio de tudo. O estado inicial. E éter (por hora grafada em minúsculas) não era nada. éter era puramente de campos de imenso branco (ou azul) (ou verde) (ou amarelo) (ou qualquer outra cor). As cores mudavam de acordo com o seu espírito, o seu humor, o tempo, enfim, as cores mudavam.Em direção a todos os horizontes não9 se viam senão anjos, as faces pudicamente cobertas pelas asas, reverentes a Deus, e por onde se olhasse lá estava aquela cor sólida do seu espírito, intocáveis, mas reais. Cores e asas, este era o cenário em éter. Eventualmente você topava com Deus a proferir ordens, sempre cercado de anjinhos e aquela auréola que ele dera pra usar agora que o lúcifer achava ridícula (- nossa, javeh, como você fica bem com esta circunferência).Embora fosse éter esse todo branco (ou azul) (ou verde) (ou amarelo) (ou qualquer outra cor), e fosse uma coisa que não tinha mais fim, por mais que se andasse, por mais que se mantivesse uma trajetória retilínea, os anjos nunca se perdiam, era como se andassem sempre em círculos, e sempre estavam encontrando-se uns aos outros eventualmente.Mas nem só de branco (ou azul) (ou verde) (ou amarelo) (ou qualquer outra cor) e asas viveram os anjos. Havia éter um edifício, um único edifício, mas um edifício enorme e suntuoso, um palácio de Bukingham divino, com átrios em volta e um enorme portão. Para se falar com Deus (ou com lúcifer) lá é que se falava. Ai, ai, pobres anjinhos. Não tinham noção do que se transformaria éter.



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Bem, leitores, antiga éter. Antiga éter, leitores.Agora que tomamos conhecimento da dita éter, feitas todas as observações, voltemos ao que fazia o astuto lúcifer na ocasião em questão.



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Pois, conforme eu havia dito, lá estava o lúcifer calmamente (o que quer que se entenda por calmamente em matéria de maquinações luciferianas) caminhando por aqueles campos de imenso branco (ou azul) (ou verde) (ou amarelo) (ou qualquer outra cor) dirigindo-se a lugar nenhum, pensando na morte da bezerra, coisa típica do lúcifer que eu acredito que seja o motivo pelo qual os caprinos são sempre associados ao lúcifer, aspirando a sua próxima composição quando topa com fabriciel, um dos seus melhores amigos, ou melhor, o melhor. Passam direto, lado a lado, um sem notar o outro. Parecem se reconhecer tardiamente. Param, dão de ré, vêem-se.- e aê, fabão. Que coincidência, a gente se encontrar pó aqui.- irônico como sempre, hein. No seu caso eu não posso dizer que seja uma ironia. Por que você anda tão sumido, hein?- estou meio ocupado. Estou organizando um enorme espetáculo musical, cara. E agora, às vésperas, está uma correria maluca. Mas hoje tirei uma folguinha pra espairecer um pouco.- claro, eu fiquei sabendo.- pois é, eu pensei que você poderia fazer a cobertura do espetáculo para mim.- pode até ser, mas você vai ter que ir comigo até o chefão da gazeta etérea e...- gazeta? Mas você não estava no correio celeste?- isso foi antes, mas me fizeram uma proposta melhor, entende?- se eu entendo... Não, não entendo não. Como assim uma proposta melhor?- é que lá eu vou trabalhar com diplanação e pesquisas, numa empresa do jornal chamada Instituto do Bem-aventurado Onisciente-Onipresente-Onipotente de Pesquisas e Estatísticas em éter, o IBOOOPEE, ou simplesmente IBOPE. O que se encaixa melhor na área em que eu gosto de atuar.- ou seja, você pesquisa a opinião de uma classe que não opina?- É.- mas e o evento?- vou tentar abrir uma exceção, mas qualquer coisa eu mando algum colega da redação.- beleza, cara. Ow, eu estou de folga agora e não sei se estarei de novo. Por que a gente não vai lá agora?- ih, cara. Não vai dar não. É que eu tô meio ocupado. Aliás, eu tô muito ocupado. Tenho que fechar essa pesquisa quanto antes e entregar os resultados ao lorde.- mas pesquisa sobre o quê?- o lorde encomendou uma pesquisa sobre o convívio entre os anjos. CLARO! Como eu ia esquecer...- Sim?- veja: os anjos em geral, apesar de não terem nenhum problema relacionado ao convívio com tais, guardam um certo receio em relação a determinados grupos de anjos e suas possíveis idéias, em especial o maestro lúcifer...- hum, hum, hum... Os mesmos anjos que acham que anjos não opinam... Mas vem cá... Você disse que ia mandar a matéria pro lorde, é? - é...- mas, vem cá, a gazeta não tem nada a ver com ele, né? Ou tem?- bem, eu só posso fazer como um idiota e responder com uma pergunta: o que é que não tem a ver com Ele? (cochichando) tudo o que corre pela imprensa aqui passa pelo crivo d’Ele.- por que é que você está cochichando, cara?- ah, sei lá, quando a gente fala mal de alguém dá vontade de falar baixinho.- tá, mas como nos encontraremos então? - não se preocupa, não. Assim que der eu vou ao seu encontro- tá legal, mas vê se não vai chegar em ocasião do espetáculo.- ta, pode confiar em mim.Despediu-se de Fabríciel. Poxa, estava tão inspirado e leve e agora surgira em si, outra vez, o fatídico assunto: Javeh, o déspota. Agora pronto. Já era. Todos os seus pensamentos convergiam para a suas revoltas internas, tanto em relação Àquele Que É quanto em relação a si mesmo, à sua passividade, que, mesmo com tantos conceitos desafiadores, o deixavam igual a toda a angélia. E agora mais essa! Quer dizer que aquele déspota também manipula a imprensa! P’rum ser tão convencionalista, ele é bastante surpreendente. Por que é que esse povo não percebe? E se percebe, não fala nada! Bando de medrosos! Ainda acreditam nesse papinho de “imanifestabilidade angelical”. Se fosse comigo, eu... Espera! Se fosse comigo eu faria igualzinho! E é comigo! Mas... por que não? Ora... Porque eu não quero me expor! Só isso. Se eu pudesse antever as reações do déspota... Se eu soubesse até onde vai essa máscara de Deus de absolvidor incondicional... Mas não. É demasiado arriscado. E eu não faço apostas quando eu posso perder...



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Devana Babu

Originalmente postado em http://dbentredeuseodiabo.blogspot.com/ . Outubro-dezembro de 2007.

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