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Denúncia! Somem documentos comprometedores acerca da vida pregressa de aluno do Centrão assemelhado a roedor

Ou: Subsídios para entender a natureza criminosa de um Hidrochoerus

Na última quarta-feira, dia 28, valiosos documentos desapareceram misteriosamente da redação D'A GAZETA DO OPRIMIDO. O nosso principal suspeito, ou, por que não dizer culpado, é o meliante Samuel Hidrochoerus Capivara Júnior, tratado carinhosamente pelos amigos pelo singelo codinome de paca. Os indícios apontam descaradamente e evidenciam que o elemento tem, sim, envolvimento direto com o caso, já que o artigo trazia um levantamento de informações comprometedoras sobre seu passado obscuro e sua atual vida oculta, é claro como o sol ao meio-dia no retorno do Centrão para casa que não convinha nem um pouco a ele a publicação destes fatos, além do que o meliante praticamente confessou o crime, e já que, antes, logo que soube que o artigo estava sendo feito, expusera sua intenção de praticar o desmando quando declarou entredentes: "Se isso for sobre mim, eu vou dar um sumiço, viu seu mulatinho", disse exibindo suas exuberantes dentições máximas frontais roedoras, ameaçadoramente. Embora as evidências sejam evidentes e muitas, ainda não se conseguiram provas realmente concretas que demonstrem a culpa óbvia do meliante.
Tudo leva a crer que o texto, ainda em fase de construção foi furtado durante o intervalo da aula matutina da data supramencionada e, aparentemente, o suspeito manipulou as situações todas em seu favor, com o uso de técnicas sofisticadas e dignas do talentoso Tom Ripley, que Devana Babu, um dos editores desta gazeta tem como ídolo, para cometer o delito.
Devana Babu declara que naquele dia não iria para o intervalo, e o motivo (não declarado á capivara, é claro) era seu temor em relação ao texto que mais tarde seria roubado. Capivara então começou o que seria um imenso interrogatório, que, embora Paca tentasse dar ao mesmo um tom corriqueiro, pareceu suspeito à D.B. Enfim, tanto Paca fuçou que acabou achando um motivo apelativo o suficiente para que D. B. saísse da sala. D. B. então pensou e resolveu cair na besteira de deixar os relatos sob a custódia de Urubatan Tropeço da Transilvânia, que também estuda na turma primeiro O, com capivara. Tropeço é um mulato que segundo fontes confiáveis é cúmplice de capivara no amor e no crime. Voltando à sua sala, D. B. resolveu verificar se o material ainda estava seguro e, embora não fosse surpresa alguma, D. B. se surpreendeu quando descobriu que o artigo não estava mais em poder de Tropeço o qual alegou posteriormente que "se distraíra por um momento e quando foi ver o texto não estava mais lá" e acrescentou que "não acreditava na possibilidade de ter sido o Paca o autor do crime". D.B. colocou-o contra a parede lançando a possibilidade de ele estar acobertando o amigo. Mas ele foi firme e disse sua frase proverbial:
- Tô de boa.
A pericia achou vestígios de papel queimado detrás da porta da sala e fontes que não querem ser reveladas afirmam que viram o meliante Andrei Aluado SK8 emprestando um isqueiro para o Paca. A situação se complica a cada segundo porque no dia aludido Paca evitou de todas as formas que D.B. falasse com Andrei. A única oportunidade que havia era no intervalo entre as duas aulas restantes após o intervalo. Mas Paca obteve sucesso e conseguiu frustrar as tentativas ineficazes de D.B. Desde então Andrei, que jamais teve uma freqüência muito boa, nunca mais foi visto.
Enfim, caros leitores, o caso continua estagnado. O artigo não apareceu, não surgiram outras versões sobre o caso, mas graças a Deus, ou a seja lá quem for, as informações sobre o meliante continuam seguras no banco de dados da rede de computadores da GAZETA DO OPRIMIDO. Em razão dos fatos decorridos recentemente, o texto comprometedor, que deveria sair em tiragem reduzida, apenas na sala dele, sairá, por decisão dos editores, em um especial sobre o caso na GAZETA DO OPRIMIDO.
Enfim, capivara, Centrão, mundo: não importa o que se faça, o quanto se relute, o quanto se tente, nem Deus, nem os orixás ou os demônios, nem nada no mundo poderá calar a voz do quarto poder e a voz da GAZETA DO OPRIMIDO.

A Gazeta continua na sua luta contra os males da opressão, inclusive a da liberdade de expressão.


Devana Babu

“A Gazeta do Oprimido”, Ano I, # 02, outubro de 05.

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