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A madrugada trágica com final quase feliz não fôra sonho o relatado pelo bico da caneta bic do poeta

No dentro da quentura de debaixo do telhado de telha vã eternit que o velho sol candango castiga sem cuidado e impregnado de saudosismo no vão do desconforto da ilusória impressão de rebeldia que a leitura de allan ginsberg faz supor ao proleta de ponta de esquina da mais inócua periferia de uma capital qualquer eu joão quichote cyrano macunaíma giramundo da silva ergo cego a minha espada minguante ao cair da tarde longe do lago paranoá e da asa sul certo de que estou irremediavelmente perdido mal pago e provavelmente nunca me darei por achado por esse mundo de meu cão onde não vislumbro maquinaria capaz de desvendar porque o sal das minhas lágrimas é tão eficaz em fazer doer minha alma angelical que teima em pecar contra a falsidade que impera na sibéria de desprivilegiados amantes da música dos racionais mc's que opera sorrateiramente nos desvãos da inoperância típica dos inumanos oriundos dos porões dos navios negróides onde os avós dançavam o xote vergonha sob o ritmo das vergastadas das chibatas européias no convés da zombaria que permeia a infância da minha brasilidade desconexa ponto e vírgula dado o fato pitoresco de que meus parcos talentos para a produção de literatura de baixa qualidade jamais serviriam para a realização dos sonhos que uma vez realizados haveriam de colocar-me no beco sem saída que é ser um intelectual preto pobre e favelado e que utiliza destas características para aprofundar o acovardamento diante da impossibilidade de me redimir ante a oportunidade que quiçá me seria oferecida por um qualquer burguês ou capitão ou capital que não faria mais do que impedir que eu continue tendo como desculpa para minha inoperância a eterna falta de oportunidade que me seria um calvário caso viesse a faltar-me e é meu único refúgio a que me apego virgem de qualidade de vida uma vez que é mais fácil culpar o burguês que tendo dado certo me impediu de chegar aonde eu jamais chegaria com meus poucos dotes de caipira do sudoeste da bahia vírgula e observo bovina mente sentado em frente à casa de paredes sem reboco com meu copo de coca com dreher e um cigarro na mão e outro atrás da orelha direita que as conseqüências do meu desapego ao trabalho duro chegam sem cessar todos os dias num frenesi sem termo que parece terem feito uma macumba das fortes nas encruzilhadas das esquinas que não temos e a hora sangra meus tímpanos com o bater dos mil tambores iorubas que insisto em não ouvir não dando atenção ao clamor que vem dos andares inferiores do conic conclamando novos zumbis a continuarem o trabalho de resistência treinando os novos combatentes para o enfrentamento da fúria do que denominamos sistema cuja luta libertará nossos sorrisos afrobrasileiros das garras da miséria porém meu humanismo é anterior a marx e engels e penso profundamente em cair no sono na rede que ainda esta semana comprei daquele camelô extremamente chato uma vez que tudo não passa de uma grande brincadeira isto de um operário chegar à presidência da república e chamar os outros presidentes que eu tanto venerara mão ao peito em frente ao retrato imponente de ernesto geisel pelo primeiro nome como se a américa latina fosse uma rua onde os vizinhos saíssem aos domingos para o bate papo doméstico o que me faz lembrar que para escrever uma crônica basta um dia de sol batendo na janela e você sentada nela me sorrindo num convite mudo que ensurdece meus pendores de militante da esquerda para o apelo ultra romântico da luta armada quando você sabe que nunca entrarei nela que sou espertamente sabido e desavergonhadamente omisso mas reconheço que seria extremamente edificante amar uma guerrilheira de origem afro talvez descendente de uma tribo mandinga massai zulu cambinda sei lá 'mbunda ijeshá bem fornida de ancas e com um hálito de magnólias e seios como os de afrodite deitada molemente no chão do paiol do inimigo sobre a bandeira do fluminense enquanto bombas caem ao longe numa trilha sonora de fazer chorar o próprio adolph reticências ...

Khi Lonbho Duhro é pseudônimo de Paulo Dagomé.

Dezembro de 2006.

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