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Agora Quem Tira Os Cones Sou Eu




As vicissitudes do caráter humano se manifestam de acordo com a sua colocação no tempo e no espaço e do cargo ocupado pelo individuo, E ao afirmar isso eu estou apontando o dedo pro meu próprio peito, mas antes vamos definir que peito é esse.
É o peito de um goiano, imigrante do estado de Goiás que ainda menino, no ano 1966 chegou num lugarejo alcunhado, papuda (hoje São Sebastião) localizada, nos fundos do quintal de um quartel chamado Brasília, comandado por mãos de ferro por generais, brigadeiros, almirantes e os seus subordinados sendo que os últimos, eram espezinhados pelos primeiros que, ao mesmo tempo lhes outorgavam o direito de espezinhar a nós o povo, mesmo se não lhes déssemos motivo. Por estar localizado no fundo do quartel, num amplo vale abaixo de um grande platô, e as forças que compunham as armas que o comandavam, usar esse platô para praticar (até hoje isso não está bem explicado) aula de tiro. Nós, que morávamos no sopé do dito platô, na região da vila do boa,tínhamos que conviver com o matraquear das armas e os silvos das balas.
Lembro-me que, aqueles foram os tempos que os americanos caíram na besteira de invadir o Vietnam para tomar aquela memorável surra, que os levou depois a criar Caricaturas de heróis como bradok, Rambo etc. E sob o som do matraquear das metralhadoras e dos fuzis falls, várias vezes vi minha mãe ajoelhar e rezar para são Sebastião que, mais tarde veio Ser o santo padroeiro do lugar não deixar a guerra chegar até nós, porque na nossa conceituada ignorância o vietnan era bem ali. O que eu também me recordo é que eram esses senhores, os militares, que permitiam abrir e fechar portas, soltar e mandar prender ouvir e mandar fechar bocas. Eram eles que delimitavam os espaços, que colocavam e tiravam os cones. Vinte anos depois fomos agraciados com uma pseudo liberdade, o sistema governo democrático que seria gerido de acordo com os anseios do povo, quer dizer liberdade para se expressar, ir e vir escolher representantes etc., mas se esqueceram de dizer isso ao Sr Roriz e seus cabos eleitorais, estando ele e seus asseclas num evento na cidade satélite do riacho fundo ao avistar um negro com a camisa vermelha do PT no meio do mar azul formados pelos rorizistas exclamou:- olha La gente um crioulo petista vamos vaiá-lo. E tome vaia no negão por ter se atrevido macular aquele espaço de cores celeste com aquela aargh! Cor vermelha dos comunas, e (aqui uma pausa pro sinal da cruz) do tinhoso. Por não ter levado em conta, que aquele espaço estava marcado e delimitado por cones e era restrito, para Sr Roriz e seus (cupinchanheiros) e que os cones deviam ser respeitados só eles podiam tirar colocar e definir quem e que cores poderiam ser ostentadas dentro dos limites deles, os cones. Fiquei indignado afinal estamos numa democracia pô, não é certo ridicularizar uma pessoa, em razão de suas convicções ideológicas. Bom passou o tempo, rolaram as pedras, correram às águas, eu vim parar no grupo dos que, promovem os eventos, arregimentam pessoas e que às vezes, de jeito meio que sutil, chega a dar as cartas e também delimita as áreas, utilizando cones. Durante a realização de um evento em São Sebastião, me dei conta, que o fato de poder tirar e colocar o cone culmina às vezes na mais pura ostentação poder, que foi o que senti ao parar o veiculo por mim conduzido, numa fronteira delimitada por cones e ao afastá-los, com a autoridade a mim investida pela situação, sentir olhares de inveja e raiva da parte de alguns condutores, que eram obrigados a contorná-los. Confesso que por um breve momento, tive que lutar contra uma súbita vontade de me dirigir essas pessoas fita-las e dizer; escutem caras, hoje, quem tira, coloca e manda tirar os cones sou eu! Portanto, contornem, circulem, se mandem, sumam!- cara, os cones me imbuíram uma sensação de autoridade, parca, mas mesmo assim autoridade. Eu agora, ciente da frágil estabilidade do meu ego, diante do poder investido pelo manuseio dos cones, passei praticar essa tal de respiração diafragma, que dizem, morigera as atitudes, estou até pensando em fazer ioga, para controlar esses súbitos impulsos de autoritarismos cônicos ou cômicos, que são preocupantes, pois podem me transformar num famigerado déspota. Ou num idiota, reconhecidamente medíocre, com arroubos de autoritarismos.

bai Edvair Ribeiro

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