Fui ao show da Maria Bethânia ontem aqui em Brasilia. Foi no Centro de Exposições Ulisses Guimarães, um espaço majestoso e muito elegante. Acústica perfeita. Serviu bem ao que seria um grande evento musical/visual.
Foi legal. Foi a estréia da turnê "Abraçar & Agradecer, 50 anos de carreira". Achei que seria chato mas não foi. A banda era um septeto bem afinado com ela. Claro que lá pelo meio ela deu um tremendo xilique por causa do som. Mas é parte do show também.
Cantou poucos sucessos, recitou poesia, ficou em silêncio. As vezes parecia muito armado e sem expontaneidade. Mas ela é meio atriz mesmo. É o estilo dela e faz bem.
Lembrei de quando conheci ela em disco. Minha irmã mais velha tinha o disco Álibi recém lançado e um outro com um desenho dela na capa cheia de insetos nos cabelos. Uma capa espetacular. Nunca lembro o nome deste disco.
A única coisa chata é o público dela completamente histéric@ e gritando o tempo todo em catarse: "MARAVILHOSA!", "GOSTOSA!", "DIVINA!", "HIPOTECADA!", "DESNUTRIDA!". Essas coisas sem sentido que eles/elas berram com aquela voz de gralha de ressaca.
Fora isso muito chorôrô, purpurina e afetação. Estava bem engraçado o lobby antes do espetáculo. É bacana se sentir minoria de vez em quando. Dá uma perspectiva mais humana sobre os tormentos de quem é diferente de mim.
Acho que a Bethânia é uma das nossas maiores em sua geração. Mas continuo achando também que seu maior mérito foi ter tirado o Caetano Veloso de Santo Amaro da Purificação e levado pro "sul maravilha".
Ayeyê Bethânia!
Multifacetado, Marcius Cabral é cantor, guitarrista, compositor, DJ e produtor. No seu repertório, grandes mestres da música negra americana e arranjos próprios, com standards de jazz e clássicos do blues vai de George Geshwin a John Pizzareli, de Robert Johnson a BB King. Algumas composições do músico podem ser ouvidas aqui:
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