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GRÃOS DE AREIA para o próximo 08 de março

imagem retirada do google
por Nadjara Régis
O que posso desejar para o próximo Dia Internacional da Mulher? Não, não quero rosas no próximo dia 08 de março. Rosas merecem a companhia de abraços e beijos enamorados, então, claro, quero rosas durante outros dias de outros meses durante o inteiro ano, enviadas inevitavelmente por meu amado, e de surpresa, porque sou romântica. Aliás, nada mais piegas do que receber no Dia Internacional da Mulher aquela rosa solitária do chefe ou do colega de trabalho – salvo se estando solteiríssima o chefe ou o colega leve com a rosa um simpático flerte… (risos).
O que quero dizer é que o Dia Internacional da Mulher deve ser comemorado com conquistas pela igualdade de gênero. Assim, para o próximo Dia 08 de Março eu queria um banheiro público nos pontos mais frequentados das cidades de todo o meu país, por todo um dia bem higienizado – o que é direito de todos, mas, posso ter certeza, as mulheres é que agradeceriam. E se o banheiro público fornece um espaço infantil, bem higienizado, aleluia! – pais e mães agradeceriam, embora, ainda, seriam mais gratas as mães do que os pais.

Dentre tantos tenho outro desejo, fruto para as novas gerações. Quero uma coisa especial do Mercado e do Estado: que não haja distinção de gênero nos brinquedos.
Há alguns meses fui a uma conhecida loja de brinquedos comprar um fogão com panelas para um dos meus filhos, pois crianças adoram reproduzir os afazeres do lar. Filipe não teve como escolher um fogão na cor azul – sua cor predileta. A vassoura com a pá, que ele pediu-me insistentemente, também eram cor de rosa com lilás. Tudo é um mundo cor de rosa e lilás quando se trata de brinquedos referentes a tarefas do lar. Então levei o fogão com as panelinhas e a vassoura com a pá, nas cores rosa e lilás, contidas em suas embalagens que retratavam, exclusivamente, meninas como destinatárias daqueles brinquedos.
Na semana do carnaval, entrei em outra loja de brinquedos muito conhecida, e meu filho mais novo – João Pedro –, de apenas 18 meses, ficou entusiasmado com uma variedade de bonecas, todas legítimas reproduções simbólicas de bebês do sexo feminino, vestidas em roupas cor de rosa ou lilás, e cercadas de utensílios cor de rosa e lilás, contidas em embalagens que retratavam meninas como destinatárias daqueles objetos lúdicos. Não levei, naquela oportunidade. Tinha esperança de encontrar, ainda que em lojas virtuais, um boneco mais apropriado para cumprir a função pedagógica do espelho. Acontece que até agora somente encontro bonecos de aventura, nenhum boneco-bebê no mercado. No próximo mês lhe darei a boneca, certamente uma loira – como estão em imensidão no mercado – embora não haja loiras em nossa família.
Portanto, dessa minha experiência materna, quero que no próximo Dia Internacional da Mulher o Estado, por meio do Congresso Nacional, incentive os empresários de brinquedos a fornecer brinquedos sem distinção de gênero. Quero encontrar nas prateleiras bola, carros, caminhões, fogões, vassouras, bonecas e bonecos, sem cores e embalagens que estigmatizam opções de gênero.
Uma marca de brinquedos do Norte da Europa – a TOP-TOY – resolveu pôr fim ao estereótipo de que existem brinquedos adequados a meninos e meninas. A notícia é de 25 de fevereiro de 2014, acessível pelo endereço eletrônico http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-34–51-20140225. Como produtos escassos, chegarão ao mercado com preços pouco acessíveis. Assim, é importante que o Estado se envolva, articule-se com a sociedade civil, e trate como política pública a ideia de que brinquedos não merecem distinção de gênero.
Em um exercício de imaginação de como seria o mundo se fosse preponderantemente construído por mulheres, esses desejos são como grão de areia. Acontece que estamos no século XXI e grãos de areia como esses viram ciscos no olho de uma mulher que comemora o 8 de março. Há muito o que fazer.

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