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Nostalgia



Sou do tempo em que as crianças ainda jogavam Need For Speed. Ah! Bons tempos... Tempos que não voltam mais. Elas passavam horas vidradas na frente da telinha de LCD (sim, na minha época as telas ainda eram de LCD!), apostando corrida umas com as outras e disputando quem tinha o carro mais maneiro. Elas conheciam todos os carros e todos os modelos, todos os detalhes mecânicos e todos os aspectos físicos e científicos que envolvem o procedimento de uma corrida. Nessa época, ainda se podia ver o brilho nos olhinhos encantados delas.  E não era a luz do PC (como é que vocês chamam hoje em dia mesmo?). Não eram como essas crianças patéticas de hoje!
Sem contar que elas jogavam Tomb Raider, Resident Evil e até Age of Mithology e MMORPG.  As crianças aprendiam a ler muito cedo, porque não se pode jogar essas coisas sem uma noção mínima de leitura. E como praticavam! Ludicamente, estavam desenvolvendo miríades de características úteis a sua vida adulta. Ah sim! E sacavam muito de inglês e espanhol.
Na minha época, se você quisesse namorar, tinha que ter uma conta no MSN, Orkut e Facebook. Não era essa sem-vergonhice de hoje em dia, não! Passávamos horas, madrugadas inteiras, dialogando com nossas pretendentes, nos conhecendo, compartilhando gostos, vontades, ideias, e só então é que iamos conhecer nossos corpos. Tudo era muito espiritual. Primeiro conhecia-se o espírito e, só depois, a carne. Ou: ficávamos horas a fio observando as fotos postadas por nossas pretendentes, sempre com muito cuidado estético, com um cuidado com a coisa, sabe? Às vezes elas postavam fotos sensuais e era um deleite para nossos olhos. O duro era aturar os outros moleques comentando. Já essa molecada de hoje... Tá tudo mudado, tudo corrompido.... É a decadência. Uma depravação! Esse mundo tá é perdido mesmo.
As amizades também eram muito mais intensas. Os debates eram animados e os bate-papos também, sempre com bastante gente. Mesmo que estivéssemos longe, estávamos sempre perto uns dos outros. Estávamos sempre conversando, sempre compartilhando experiências, sempre curtindo juntos. Apresentávamos coisas uns aos outros, trocávamos arquivos, vídeos, textos, imagens... De fato, éramos muito mais inteligentes, porque o que um descobria logo compartilhava, e o que se pensava era sempre amplamente discutido. HAHAH! Vocês, hoje em dia, podem até achar graça... Mas, na nossa época, se você quisesse assistir um clipe de sua banda favorita, você tinha que procurar no youtube! Eu sei que isso parece demodê para vocês mas, queira ou não, isso nos obrigava a pesquisar a fundo nossas referências, a aprender a filtrar e organizar informações, a agrupar tudo o que aprendíamos e conhecíamos e relacionar com tantas outas coisas. Acabamos aprendendo também que o mundo é muito mais ilimitado do que pensávamos, e que as coisas mais insuspeitas tinha relação entre si. Vocês, crianças de hoje em dia, nunca vão saber a suprema sensação de assitir um vídeo, que você escolheu, em tela cheia, com os fones nos ouvidos, em estéreo, e ainda saber que logo depois haveria outro vídeo pra você assistir, e mais outro, e mais outro, se quisesse, a tarde inteira... Essa era nossa  diversão nesse tempo: passar o dia vendo vídeo no youtube. Não eram essas coisas aberrativas que as crianças de hoje fazem para se divertir. Mal parecem crianças! Elas nunca saberão o que é isso. Azar delas.
Ah, sim! E se quiséssemos ouvir música, tínhamos que baixar mp3! Visitavamos blogs de outras pessoas como nós (e também nós tínhamos nossos blogs), e lá iríamos pesquisar até encontrar o arquivo com as dimensões adequadas, a compressão perfeita, arquivos digitais com a capa, o encarte e, às vezes, um arquivo em doc com informações sobre a banda. Doc ainda existe? Acho que não, né? Na minha época havia um tipo de arquivo chamado doc. Depois, eu te mostro, no meu pendrive. Pois é! Na minha época, armazenávamos nossos arquivos em pendrives e HDs. Nuvem, para nós, era algo que estava no céu e só. Outra forma de adquirir arquivos em mp3 era trocando pendrives com nossos amigos. Porque precisávamos ter um pendrive a mão para nossas operações cotidianas, então enchíamos o pendrive de arquivos que só nós tinhamos, nosso amigo fazia o mesmo, e trocávamos. Depois, cada um ia para sua casa e descarregava os arquivos e ficava usando o pendrive do outro... Às vezes com textos em doc ou txt com recomendações e comentários. Sei que música é música e não importa o suporte, mas para mim, ter o arquivo no seu HD é uma sensação única, é diferente. Guadávamos os arquivos como relíquias. Pode ser fetiche meu, mas sinto assim. Ter arquivos digitais de verdade era muito gostoso.
Som Surround 5.1! Mesmo as modernas tecnologias não conseguem reproduzir a qualidade que havia naquilo.
E a música, em si? Não era essa mazela de hoje em dia. Se quisesse ouvir musica ruim, você tinha que ouvir a música da mídia de massa. E se quisesse ouvir música boa, tinha uma forte cena independente. Na verdade haviam bandas em cada recôndito, banda boas mesmo, e super originais. Não só banda: milhares de vagabundos com um pc em casa e alguns instrumentos que faziam a maior loucura. Estávamos descobrindo os home studios nesse época. O resultado foi uma inundação de qualidade.
Hoje em dia vocês já tem mais recursos, mas cadê os produtos? Cadê os clássicos das tribos e dos grupos?
TV digital! Era massa. Aquele cubículozinhos característicos, trazem um sabor daquela época, aliás, qualquer imagem pixelizada, coisa que os designers usam e abusam para dar um ar mais retrô para alguma peça.
Lembro também dos primeiros carros elétricos populares.
 Ah! E se quiséssemos nos comunicar profissionalmente, ainda tínhamos que mandar e-mails! O e-mail era uma coisa respeitosa, distinta... Não era essa esculhambação de hoje em dia não.
Ai, ai... Que saudades da minha época. Aquilo é que era vida. Essa juventude de hoje, tá tudo corrompida. Uma lástima.

Revisado por Daniel.

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