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Pílula Contracultural VIII - A sociedade precisa de automação?



Para que, Honda?
Não, obrigado. Não precisamos de robôs, e sim de pessoas inteligentes e educadas. Educação holística, e não reducionista.
O problema não é o trabalho braçal, e sim o esforço repetitivo e alienante.
Aliás, qual é uma das maiores problematizações das projeções futurísticas da literatura e do cinema de ficção científica? Por mais que avancemos tecnologicamente, o ser humano, ao invés do pleno domínio de suas faculdades físicas e mentais, em cooperação com os demais, se tornaria cada vez mais individualista, egoísta, ensimesmado. Ademais, as relações de dominação e exploração não se extinguiriam, apenas se metamorfoseariam. O tão decantado "ócio criativo" de uns se sustentaria às custas de muitos outros. Oh, ilusão tecnocrática!
Um dos meus filmes favoritos é "Blade Runner - O Caçador de Andróides". Em suma, acontece uma revolta de alguns "replicantes", robôs com inteligência artificial, que, fugindo de um regime de escravidão em outro planeta, vêem à Terra acertar contas com seus criadores/patrões. Que história instigante! Que personagens profundos, inclusive os ciborgues! O maniqueísmo inicial, entre humanos e máquinas, se desfaz. Vemos a inversão: o quanto os seres humanos perderam sua ontologia, natureza, e quanto os autômatos se humanizaram, superando-nos em sensibilidade. Futuro assustador. E factível, se mantivermos certos tabus cientificistas.
A ciência não pode se tornar absoluta ou hegemônica. Deve conviver sim com outras formas de conhecimento e apreensão da realidade. Tem, indubitavelmente, seus atributos e méritos, mas deve ficar relegada a um determinado lugar. Não pode extrapolar, correndo o risco de se transformar em totalitarismo. Em verdade, o maior mal que vivemos é a crença cega em um mito fundante - suicida e autodestrutivo - da sociedade em voga: a perda da noção de limite. Nada é mais sagrado. Em vez do equilíbrio, a destruição do meio ambiente e a depauperação do homem, em nome de um futuro redentor. Nada mais mistificante!
As pessoas estão ficando obsoletas em prol da onipresença da máquina. E o desemprego estrutural que isso gerará? E os lucros que empresas como a Honda auferirão com a venda de seus substitutos ou pretensos equivalentes ao ser humano?
Desde já, que fique bem claro e cristalino: não estou pregando o regresso à um suposto passado idílico, às sociedades primitivas, pré-capitalistas, pretensamente "puras". Não é tanto deixar de usar toda e qualquer tecnologia, mas discernir aquela realmente necessária, eficiente e durável daquela fútil, antieconômica e programada para cair logo em desuso.
Ademais, acredito que um modo sensato de pautar a nossa filosofia de vida é baseado naquela imemorial máxima: "corpo são, mente sã", e vice-versa. É preciso cultivarmos também a nossa parte física.
Quanto mais habilidades manuais e intelectuais o ser humano tiver, maior será seu bem-estar e, consequentemente, sua felicidade.
Como um pensador cubano, José Martí, disse: "Ser culto para ser livre".

Boxhead 2, de Bansky

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1 Comentários

  1. Fundamental não esquecer né, o sarau de ontém foi também concernente às comemorações da Semana da Consciência Negra e, foi no Santuário pq, para além da união das lutas populares, nos remete à importância de reparação e afirmação contra os prejuízos gerados pelo massacre de certos povos nesse país, proximidade libertária, entre outras, fundamentalmente presente no paralelo negro-indígena no Brasil.

    ;)

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