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Pílula Contracultural VI - Sobre Dinheiro e Mais-Valia


Por Daniel Pereira da Silva

O Movimento Zeitgeist (MZ) critica e propõe a superação do sistema monetário. Argumenta-se que o dinheiro só deveria existir em época de escassez, e este não seria o caso atual, pois a nossa sociedade contemporânea/pós-moderna, com o grau de tecnologia que tem, poderia desfrutar da abundância, com as máquinas substituindo o trabalho humano pesado, enfadonho e repetitivo, liberando a humanidade para o ócio criativo.
Ora, se isto é mesmo verdade, por que as sociedades comunais das tribos e das aldeias, baseadas na economia de subsistência, autossuficiência e escambo, que viviam em um mundo supostamente idílico, onírico e paradisíaco, evoluíram, a partir dos excedentes econômicos, para a troca, o comércio e o dinheiro como equivalente universal? O que temos de fazer, afinal: retornar, como prega o Anarquismo Primitivista de John Zerzan, para o meio rural, à moda dos índios? Como operar uma economia baseada em recursos, que funcionou antigamente, mas em pequena escala, de forma fragmentária e não-integrada, em nível global e desmonetizada?
Parece-me que o grande problema mesmo não é o dinheiro em si, mas a transformação do meio em fim, de valor de uso para valor de troca, a sua conversão em capital e mais-valia.
O MZ não operou ainda um levantamento sistemático da bibliografia e literatura radical. Em vez de tomar “O Capital” como ponto de partida, que desvendou o funcionamento do sistema capitalista de então e muito do que temos hoje, ignora-o solenemente. Tínhamos de criticar a crítica, até a fim de superá-la. No entanto, não temos esse cabedal. Aliás, é incrível que seja mais fácil encontrar em nossas fileiras alguém que tenha lido as copiosas séries de J. K. Rowling (Harry Potter), J. R. R. Tolkien (Senhor dos Aneis) e agora George R. R. Martin (A Fúria dos Reis) do que Karl Marx.
Jacque Fresco não nos diz muito sobre economia política. Estaríamos, pois, repetindo os mesmos equívocos dos pensadores do socialismo utópico?

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