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Contribuição crítica ao Movimento contra a Corrupção - Parte II



Por Daniel Pereira da Silva

Esta é a continuidade da discussão tática e estratégica sobre a Marcha, em particular, e o Movimento Contra a Corrupção, em geral. Após duas grandes mobilizações nesta Capital, as perguntas que nos intrigam: O que fazer? Quais rumos tomar?
No que tange à frente política, uma das ações que poderiam ser adotadas é a "marcação cerrada" aos parlamentares "fichas sujas", durante sua estada em Brasília. Perturbar a sua paz e tranquilidade. Se eles não se sentirem incomodados em sua rotina, seja em sua casa, no trabalho, no lazer, não se importarão muito com as nossas manifestações. Indubitavelmente, temos de infernizar sua vida, ficar no seu encalço, acossá-los, mormente os representantes do grande capital, do poder econômico. Se marcharmos pela Esplanada dos Ministérios ou acamparmos em frente ao Congresso Nacional, o que adiantará? Eles passarão com seus carros oficiais ou assistirão da janela, sem ao menos franzir a testa e se sentirem culpados.
Entretanto, não é preciso partir para a ignorância, as vias de fato, a violência. Mas os políticos corruptos devem perceber que estamos atentos a cada passo seu. E temos o sagrado direito de expressar a nossa reprovação e repulsa ("jus esperniandi"). É necessário lembrá-los constantemente, em seus lugares de estada e trânsito, o quanto eles nos desonram! Vamos atrás deles!
Além disso, é preciso nos aliarmos àqueles parlamentares que são declaradamente a favor das nossas causas. Em pesquisa simples à base de dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), principalmente as publicações "Perfil", "Desempenho" e "Cabeças", é possível perscrutar os perfis dos representantes com afinidade ideológica. Atenção especial deve ser dispensada àqueles que fazem parte da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, entre outros. A esse propósito, confira as "Proposições de combate à corrupção em tramitação no Congresso Nacional" em http://www.camara.gov.br/internet/agencia/pdf/Proposi%C3%A7%C3%B5es%20Legislativas%20voltadas%20para%20o%20Combate%20%C3%A0%20Corrup%C3%A7%C3%A3o%20em%20Tramite%20no%20Congresso%20Nacional.pdf, que podem ajudar a centrar o poderio do Movimento, otimizando-o.
Tenho algumas sugestões para deixarmos a resistência passiva para a ativa, conversão vital para o sucesso do Movimento: 1ª) forjar um programa, na linha abrangente proposta por André Lux, em http://tudo-em-cima.blogspot.com/2011/10/o-que-eu-penso-sobre-as-marchas-contra.html; 2ª) liberar colegas, com disposição e disponibilidade, em regime de dedicação exclusiva, para o trabalho do dia a dia de formação (temos de investir no trabalho de conscientização nas escolas, com a nova geração!), informação, organização, mobilização e articulação. Esse quadro seria eleito democraticamente e submetido a um "accountability" constante; 3ª) as atividades seriam financiadas por um fundo constituído de contribuições dos milhares de simpatizantes do Movimento; 4ª) transformar o Movimento em uma organização internacional, articulando-se com os demais "indignados" da Espanha ("Democracia Real Já") e dos Estados Unidos ("Ocupar Wall Street"), entre outros. A coordenação do Fórum Social Mundial poderia nos ajudar a unificar os esforços.
E existem duas atitudes singelas, efetivamente radicais, que abalariam o sistema: 1ª) retirar todo o seu dinheiro dos grandes bancos e depositar em cooperativas de crédito; 2ª) parar de pagar todo e qualquer imposto. Com gestos assim, praticados massiva e coerentemente, aí o status quo passaria a nos levar a sério, para valer. Fora isso, os donos do poder estão "nem aí" para nós.
Alguns poderiam retrucar: "ah, mas entraríamos em conflito com a Lei!". Mas é justamente essa a intenção! Se a simples possibilidade de deixar de pagar imposto deixam alguns de nossos próprios militantes perplexos, imagine a celeuma estrutural que causaria nesta institucionalidade! "Heresia!", "pecado capital!".
Senão vejamos: uma ou outra pessoa deixando de recolher IPTU e/ou IPVA, por exemplo, seria fácil de controlar: bastaria mover o aparato policial e judicial, punindo com multa, prisão e/ou penhora de bens. Entretanto, se milhares aderirem, o Estado não teria como sancionar. Estaria na berlinda. Teria de, forçosamente, promover uma autorreformulação, uma série de reformas. E condicionaríamos: só voltar a contribuir na medida em que acolhessem os nossos pleitos.
Quimera? Não! Pode, inclusive, acontecer de um dia para o outro. Uma revolução! Se na próxima Marcha tivermos os mesmos vinte mil manifestantes e todos se comprometerem, a partir de então, a não mais financiar esse quadro de instituições que não nos atendem a contento, acarretaria um terremoto de alta magnitude nos Três Poderes. Aí seríamos respeitados!
Lembre-se de que o poder emana do cidadão. E que nem tudo o que é legal é moral.
Chega de servidão voluntária! Desobediência civil já!

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