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Verão do amor

Era 1967. Na Califórnia, como de costume, fazia muito calor. O verão era o anfitrião do que estava para chegar. Blueseiros, roqueiros, cantores e cantoras, baixistas, bateristas, guitarristas, hippies, mods, jovens, velhos e crianças de todos os estados estavam indo para celebrar o que seria o verão do amor. Do outro lado do mundo, uma guerra que já se arrastava há 8 anos. Desse lado do planeta, as flores enfeitavam as cabeças. Naquele dia se encontrariam lá grandes nomes que estavam cantando não só pelo amor a música, nem só pelo efeito das drogas. Estavam ali como um protesto a guerra.

No dia 16 de junho, iniciou em Monterey o que podemos chamar de marco na história da contracultura. Liderados principalmente pelo movimento hippie, o Monterey Pop Festival reuniu grandes nomes e ainda artistas que até então viviam no anonimato, para celebrar a paz, com todos os cachês e renda doada para instituições.




Mas vamos nós ao que interessa. Nesse festival, como antes foi dito, alguns artistas que ainda não tinham uma visibilidade da mídia grande ganharam espaço para mostrar o que tinham de melhor. Abaixo, corre a lista dos melhores (na minha opinião) no evento.

Otis Redding

Aqui temos um dos que se apresentaram pela primeira vez para um grande público. Otis Redding subiu no palco e levou com ele toda a sua energia. Costumo não prestar muita atenção nas atitudes de um artista no palco. O uso do espaço é relevante para mim, mas ele, nesse quesito, me chamou atenção. Ele cantando, encheu o palco. Encheu a platéia. Enquanto isso, no fundo do palco, imagens retratam nada além do que a mente insana de quem está em cima ou embaixo do palco produz. A banda que o acompanha está totalmente afinada e bem colocada. Um soul com algumas levadas do rockabilly. Viva e rouca era sua voz. Uma coisa admirável. Ele se apresentou no segundo dia de festival, 17/06/67. Meses mais tarde (dezembro) ele faleceu num acidente de avião, aos 26 anos.




The Mamas & The Papas

Vocais femininos intercalando com masculinos. Uma das primeiras bandas a aderirem mulheres não só como back vocals, mas como parte importante na banda. The Mamas & The Papas emplacaram diversos sucessos durante o seu tempo de banda: "Twist and shout", "California Dreamin", "I Call your Name". Parte da banda estava fazendo parte da organização do evento. Nesse mesmo ano, Mama Cass deixou a banda depois de uma discussão com John Phillips. Essa foi uma das ultimas apresentações da banda ao vivo. Mama Cass me arrepiou com a música "I Call your Name". Ela sentia a música. E que voz! E a banda estava em total sintonia. Esse formato de vocalizações e uma voz principal me lembra muito a Tropicália, mas isso é assunto para outro dia.




Canned Heat

Um visual nerd. Um blues-rock-folk. A banda Canned Heat foi a primeira a se apresentar no dia 17/6/67*. Alan Wilson e Bob Hite com certeza foram os mais aclamados. A banda também estava tendo uma das suas primeiras apresentações no dia, além de um lançamento do seu primeiro álbum. A música de maior repercussão no evento foi "Rolli'n' & Tumblim". Uma música com uma vertente folk muito forte. Quase um country. A banda foi muito bem no evento e garantiu uma vaga no maior festival de contracultura, Woodstock '69. Lá, a banda já se mostra mais madura, com uma pegada mais blues. Os meninos nerds agora estão quase irreconhecíveis. A banda mudou em 2 anos drasticamente (não no sentido negativo da palavra). Muito mais maduros em 1969, mas ainda assim muito boa no evento. É como se em 69 tivesse sido o supra-sumo da banda. A banda perdeu o seu guitarrista, Wilson, em 1970, de causas ainda muito suspeitas. Uns apostam o suicídio; outros, overdose. Wilson morreu aos 27 anos.



Simon and Garfunkel

Essa dupla está na lista por algumas razões especiais. Há alguns dias atrás, estávamos discutindo Paulo, Maria Nazide e eu sobre o fato de não haverem duplas de rock. Há duplas sertanejas (Don e Juan, Domyngo e Feryado, Bátiman e Robson, Atleta e Treinador, Astral e Radiante, Belo e Horizonte, Castelo e Mansão, Chanceler e Diplomata, Conde e Drácula, Divisor e Consciente...) mas não há duplas no rock. Bom, sem esquecer White Stripes... Temos aqui Simon and Garfunkel. Apenas voz e violão. Tenho para mim que quando uma pessoa quer se apresentar com apenas voz e um instrumento, a pessoa tem de ter no mínimo um ótimo domínio com os dois. Eles são exemplo disso. Os dois cantaram, apenas um tocou, para milhares de jovens. Não, eles não foram para Woodstock também, mas pelo ótimo teor da dupla, eles são realmente bons. A programação do evento foi cheia de apresentações quentes, vivas, fortes, enérgicas. Eles então entraram para deixar com um sabor agridoce. Dá uma equilibrada. Infelizmente, eles também são um exemplo de onehits (bandas que só fazem sucesso com uma música, como Extreme, ou bandas que só fazem sucesso com um número facilmente contável de música, como Guns - para você, Jugle!). O pior é que eles tiveram a ascensão com outros intérpretes. Sabe a música Mrs. Robinson? Aquela gravada por Bon Jovi? Então, é deles. Eles se separaram em 1970 e voltaram 11 anos depois.



Jefferson Airplane

Jefferson Airplane se apresentou com a nova vocalista, Grace Slick. Grace trouxe a banda um caráter mais psicodélico do que folk. Sua voz forte, sem nuances e contralto, foi com certeza um ganho a mais para a banda. Apresentaram-se então todos juntos e depois Slick deu ar da sua graça no piano. Jefferson Airplane é a banda que sintetiza a psicodelia sessentista. A banda também se apresentou no Woodstock.

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