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ghetto


Devaneando, entre o sono, o despertar e o delírio

Levitando entre a matéria, o espírito e a razão

Entre as ruelas e os becos sujos da cidade

Eu me conduzo meio a esmo assim perdido

Com minhas sandálias havaianas solas gastas

Enlameadas nos chorumes dos esgotos a céu aberto

Vou flutuando na minha Geena social particular

Que é a miséria passiva, do meu povo, meu lugar


Esse é meu mundo, meu lugar, o meu éden

É o meu povo, meu quartel, a minha praça

É minha Europa, meu Haiti, minha Soweto


Vejo crianças esquálidas tez encardidas e chupadas

Vejo meninas semi-moças em desfile já faceiras

Com a inocência moribunda perdendo pra sedução

E nos seus olhos e sorrisos imaturos, ainda puros

O insistente e crescente nascimento da ilusão


Vejo tarados enrustidos em respeitáveis senhores

Olhos lascivos e sorrisos próprios dos predadores

Uns tecendo planos para as moças do amanha

Outros já entre assovios e gracinhas inocentes

E num circulo vicioso vão vitimando a sociedade

Como aranhas vão tecendo estendendo suas teias

Sobre o destino das netas dos filhos da cidade


“Vejo puliças” rondando as ruas nas viaturas

Com os braços displicentes escanchados nas janelas

Com olhares debochados sibilando entre dentes

Propostas indecentes para as moças nas calçadas

Inconseqüentes protegidos pela farda e a patente

Enquanto olham os pivetes com ódio e desdém

Querendo-os mortos e dispensando réquiem


Nos botecos copo sujo, seres de olhar perdido

Dividem a dose solidaria, mendigada entre amigos

Ou resultado do cartão do vale gás e bolsa escola

Enquanto uns falam sobre o filho bom de bola

Outros sonham com a volta do político “roba mais faíz”

Sem se importar com a moral ou o futuro do país


Esse e meu mundo, o meu éden, meu lugar

É o meu povo, meu quartel, minha praça

Minha Europa, meu Haiti, minha Soweto

Minha cidadela, meu estado e meu Ghetto.


Edvair Ribeiro dos Santos

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