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A MARGEM FOI AO CENTRO Isaac Mendes em debate sobre saraus na bienal - por Clayton Nobre do Fora do Eixo

A margem foi ao centro em debate neste domingo na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura - Brasília. Em meio a debates simultâneos e uma ampla feira de livros e revistas, um papo no auditório ao lado de Galeano prometia o tema "experiências populares de fruição e difusão literária".

Estiveram lá o Poeta Sérgio Vaz, convidado da Cooperifa de São Paulo; TT Catalão, escritor brasiliense; e Isaac Mendes, em nome da turma do Movimento Cultural SuperNova, coletivo de São Sebastião (DF).

Poetas e fruidores reuniam-se para uma conversa sobre arte, cultura e periferia, que inevitavelmente descambou para o papel das redes, mobilidade, políticas públicas, música, educação, inclusão, o hip hop e o sertão de Guimarães Rosa. Se o sertão está está dentro de nós, como apontava Rosa, assim também estão as favelas, brincaram juntos os palestrantes. 


TT abriu a discussão trazendo a política dos Pontos de Cultura para ilustrar a compreensão sobre arte e periferia. "Os periféricos passaram a ter ferramentas de Estado para produzir sua própria narrativa", lembrou. Aconteceu com os índios, por exemplo, objetos constantes de narrativas externas produzidas por documentaristas e cineastas.

É a lógica do protagonismo e da participação que inverte a noção geográfica da margem e das bordas. "Quando eu vou ao sarau de São Sebastião, eles são o centro e eu, a periferia", brincou TT.

Sérgio Vaz foi além. No mesmo raciocínio, falou da necessidade de dessacralizar a arte, prática que já faz parte do cotidiano da periferia. Ele desafia o aluno a declamar uma poesia e, claro, é xingado de 'baitola'. Na sequência, arrisca um rap e todos seguem a rima. "Lá todos são poetas, só não sabem disso", disse.

Essa é a relação pessoal de Sérgio com a literatura. O escritor não curtia a poesia até a ser desafiado a mergulhar nas letras de "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores", assim como foi o Carteiro pelo Poeta Neruda, quando lhe explicou a profundeza das metáforas.

Em São Sebastião, cidade-satélite do Distrito Federal, os sarais periódicos reúnem pessoas de todas as idades para a declamação pública. Como conta Isaac Mendes, junto a outras atividades, essas são ações que movimentam um território em torno da arte. O desafio, conta ele, é conectar essas experiências do DF. São muitas.

Neste link a íntegra do discurso de Isaac Mendes.
http://isaacmendessn.blogspot.com.br/2014/04/experiencias-populares-de-fruicao-e.html

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