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MANIFESTO #PELACASA Leitura de manifesto pela construção da Casa de Cultura de São Sebastião


#pela casa
Manifesto pela Construção da Casa de Cultura de São Sebastião

Cultura é a condição humana e dela o homem é produto e produtor.
No momento em que o ser humano adquire a capacidade de simbolizar, de criar linguagens que representem o mundo em sua dimensão real e imaginária, torna se criador de uma dimensão nova, a cultural, na qual se percebe inserido e onde se reconhece como tal. Este ser é filh@ da terra, que a transforma à medida que se transforma, enquanto um ser cultural que processou o rompimento com a sua condição meramente instintiva e deparou-se com a falta, circunstância diante da qual ele pensa, cria, repete e inventa. No contato com o outro se faz gregário, forja uma linguagem para designar as coisas do mundo e assim alçá-las ao domínio do espírito, do simbólico, do conceito e com isso estabelece as diferenças que as distinguem. Com a palavra descobre-se comunicador, capaz de ensinar e comandar. Brincando com a palavra, com o gesto, com a tinta, com o talhe, com o fogo, passa a dar expressão à vida, recria o mundo ao interpretá-lo, tornando-o distinto das naturezas. Cultura é, sobretudo, um amplo e permanente processo incorporado aos modos de viver do ser humano, naquilo que tem de repetitivo ou decorrente da inovação e da criatividade, não se restringindo apenas à dimensão estética, mas é algo da ordem do habitual, do fazer, seja pelas mãos d@ acadêmic@, d@ empresári@, d@ obreir@, d@ artífice ou d@ artista.
Imersos numa torrente que brota dos subterrâneos da terra e encontra uma fissura na superfície onde pode em fim dar vazão à sua potencia submersa, eclode o movimento cultural do vale de São Sebastião, no Distrito Federal, numa efervescência visível e sensível na forma como as diversas manifestações locais, ao encontrarem a tal fissura, tem se mostrado com competência e conquistado troféus muitas vezes não vistos pelos concidadãos e até pelo poder público, perdendo-se no vão das conquistas pessoais, ainda que o cheiro do coletivo as impregne com odor insuspeitado.
O movimento cultural aqui iniciado pelo Movimento Supernova busca encontrar uma pedra de toque, um ponto de equilíbrio em que cada um, abrindo mão de sua própria palavra, se ajunte em uma única voz, num coro em uníssono que brade aos governantes sua vontade, seu desejo, seu querer fazer da cultura um bem comum, ampliado e amplificado.
Às vésperas de completar 19 anos de sua transformação em Região Administrativa, a cidade de São Sebastião vive hoje a mesma dificuldade da maioria das cidades do Distrito Federal no que se refere a equipamento públicos de cultura e lazer. Somos uma comunidade formada por mais de cem mil habitantes, gente que aqui nasceu ou que escolheu este lugar para viver e trabalhar. Somos muitos, somos fortes e temos orgulho das nossas origens e tradições, porém a falta de apoio, de fomento e de equipamentos apropriados tem sido um entrave para o florescimento dessas manifestações. Nós, signatários deste manifesto, reconhecemos a cidade como um celeiro de artistas que produzem cotidianamente arte e cultura de qualidade, seja individualmente, seja em grupos, gerando inclusão social e cultural para a comunidade, mediante iniciativas como a Noite Supernova que oportuniza acesso gratuito a espetáculos artísticos.

Não obstante toda a produção cultural produzida e enaltecida pelos freqüentadores dos saraus, pelos artistas, pelos integrantes das quadrilhas juninas campeãs, da escola de samba, da brinquedoteca, do Fórum de Entidades, das casas de shows, dos promoters, duplas, trios, bandas, grupos e promotores de atividades culturais realizadas por várias entidades da cidade é visto e sabido por todos que nós, fazedores e consumidores de arte da cidade de São Sebastião, celeiro cultural do Distrito Federal, não contamos com espaços apropriados para nossos eventos culturais, seja um cinema, teatro ou centro comunitário com auditório.
Equipamentos culturais não os temos. Nem em quantidade nem em qualidade e não nos cabe aqui determinar se tal fato se dá por incúria administrativa ou pela inércia de seus diretores, acreditamos porem que o bem publico deve efetivamente servir ao público, não a interesses pessoais nem a grupos encastelados no poder devendo, portanto, ser uma instancia de atendimentos aos interesses e aspirações de uma coletividade e não uma agencia de atendimento a interesses privados.
Por outro lado, é clara a inércia, também por parte da sociedade civil que, desorganizada e centrada em interesses demasiado particulares, não avança como coletividade e, portanto, não possui a força necessária para exigir do poder público as ações que - a pequeno, médio e longo prazo - redundariam em obras significativas que beneficiariam não apenas os agentes da cultura local, mas que poderiam avançar num sentido mais amplo de cidadania total, a exemplo do que ocorreu em outros países, onde a mudança ocorreu de baixo para cima e não a partir da eterna espera do lento fazer governamental como é costume em terras tupiniquins.
Dos governantes exigimos a vontade política para implementar ações que viabilizem a construção desse caminho. Não exigimos grandes obras, construções faraônicas que reverenciam mais seus executores que seus beneficiários, monumentos profanados pelos dilapidadores do bem público.
Para vitalizar e propor uma utilização comunitária, plural e democrática desta CASA DE CULTURA com os equipamentos que venham a compô-la e ser disponibilizados no futuro, temos uma substancia cultural que nos alimenta, nos dá força para seguir adiante e promover uma dinamização cultural em São Sebastião.
Isto é o que fazemos neste momento e através deste documento, ao constituirmos um movimento pela construção da Casa de Cultura de São Sebastião, que entregamos à comunidade e a instancias governamentais.
Este projeto não pode ser tomado como impediente ou inviabilizador da livre expressão de grupos e pessoas que, por suas próprias razões, não quiserem nele se integrar ou dele participar.
Cabe ao poder publico implementar as orientações e diretrizes construídas coletivamente e as ações que favoreçam a utilização pública e democrática dessa CASA DE CULTURA.
Esta é a conclamação que o movimento SUPERNOVA realiza ao lançar publicamente este projeto. Aspiramos à solidariedade e participação da comunidade e o apoio dos governantes e pelos motivos acima citados é que, a partir de hoje, passaremos a realizar os saraus mensais do nosso movimento com o intuito de exigir das autoridades a construção da nossa CASA DE CULTURA, na área que sonhamos para esse fim, bastando que os nobres Deputados e o Governo do Distrito Federal aporte recursos condizentes com a demanda e ergam no local por nós desejado o templo onde cultuaremos as musas Calíope, Clíos, Erato, Euterpe, Melpômene, Polimnia, Talía, Terpsícore e Urânia, deusas gregas da arte e assim continuar contribuindo com o desenvolvimento cultural da nossa Cidade.


Isaac Mendes lê o Manifesto #pelacasa
São Sebastião, maio de 2013

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