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Rock, blues e eu

Zakuro - zakuroaoyama.blogspot.com
Reza a lenda que não e até parece que não, mas eu estava há um bom tempo sem o rock’n’roll. Ok, o blues é minha preferência musical, mas não dá pra negar a importância do rock na minha vida. É como se fosse casada com o blues, mas às vezes tenho umas “one night stands” com o rock, e vice-versa.
Ah... Saudade que bateu das camisetas com golas rasgadas, meia-calça desfiada e short’s jeans com o all star de guerra. Saudade que bateu de entrar nas rodas punks da vida, pular do palco, subir nas caixas de som, pular na batera ou na galera, correr no meio de todo mundo...!
Acredito que eu não seja a única que muda de humor só pela música que toca, ou acorda com uma música na cabeça, ou que tem uma rádio infinita na mente. É preciso essa liberdade para se sentir confortável com a música. Mas quando eu falo de blues e o do que ele me diz ao pé do ouvido, tanto em sussurros quanto em gritos, é capaz de amarrar minha garganta, e as vezes eu prefiro/preciso gritar e quem é o maestro de meus gritos é o rock’n’roll.  O blues é o que toca no mais fundo de minha alma e parece que meu coração está sendo segurado por uma mão de ferro (ou de aço). O rock é que dá tapa na cara, chute no saco e diz: PORRA NENHUMA!
Ouvir Feeling Good com Nina Simone é ótimo, é até um blues mais “quente”, mas toda vez que ela me diz “you know how I feel”, é doído, é familiar, é cruel até... Aquelas frases de DR que você nunca esquece (risos). O blues é quando a tristeza fica bonita, entre outras inúmeras sensações...
O blues é calmo, lento, intenso, denso, todo condensado em sua leveza. É do tipo que acaricia o rosto e beija a testa, e isso basta para que você consiga rasgar seus lençóis nos dentes, basta para que sua vida passe diante de seus olhos ou suas noites se resumam à um único vinil de 8 músicas.
Já o rock... Ahh o rock... O rock já é outro esquema, já é outra linguagem, outra sensação. É tão intenso quanto o blues, mais digamos que está numa velocidade diferente. Enquanto o blues se compara a uma viagem em uma estrada linear e contínua, o rock se arrisca nas curvas acentuadas da rota 66. É o grito orgasmático e irritado, a energia, a ousadia.
É impossível não ouvir Zeppelin e querer cama. É impossível ouvir Nirvana e não querer dar pulos e gritos. As verdades gritadas, satirizadas, arregaçadas e de pernas abertas certamente assustam muitos, mas me encanta intimamente. Enquanto o blues mostra toda sua densidade de uma só vez com em tragos de cigarro, o rock desmancha toda sua complexidade aos poucos, dando doses rápidas e potentes com em injeções (embora ambos usem diferentes posições para nos mostrar o seu melhor). O rock vem ora rápido, ora sensual, ora calmo, ora explosivo...
Te faz cansar nas 3 primeiras músicas, tamanha força e ardor nas palavras, nos acordes, nas atitudes do palco ou no coral nunca ensaiado da platéia. O rock é a amante fogosa que provoca só com olhares, que tira o ar, que seca a garganta... Ele é o fogo de Hendrix, a garganta de Kurt, as mãos rápidas de Ulrich, a língua de Gene Simmons, os olhos de Paul, os óculos de Lennon, olhar de Morrison...
No fim das contas, quando olho pra esse romance a três, eu só agradeço por conseguir conter em mim a tristeza do blues e a violência do rock.

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