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Pílula Contracultural II - Sobre o tempo do trabalho e do ócio

Pelo evangelho do crescimento economicista, o indivíduo deve produzir mais para poder consumir mais, de maneira que logo possa produzir ainda mais. Esse é o tipo de filosofia - demente - que nos doutrina a fazer bem os nossos deveres para ingressar em um bom colégio e conseguir um emprego melhor.
"Enriqueçam-se!", ensina. "Em breve gozarão do ócio e do luxo!". Só que esta promessa nunca se cumpre. Bombardeados por peças publicitárias que nos incitam e impulsionam a gastar o dinheiro tão rapidamente quanto ganhamos, caimos em uma armadilha psicológica que supõe passar meia-vida acumulando riquezas, depois da qual já é impossível parar o ritmo.
Uma vez encaminhado para o estudo e a carreira, o sujeito se dá conta de que o seu tempo é um bem precioso escasso, e, por isso, não tem tempo livre. Posterga-se, assim, toda gratificação imediata e pura, adotando-se uma lógica de renúncia e sacrifício desnecessários em uma era de abundância.
Ao contrário, as comunidades contraculturais, especialmente rurais, rechaçam todo esse universo de valores na ausência da dimensão temporal - ideal da intemporalidade. Não há relógios nem calendários. A conversa versa sobre o presente, e não sobre o passado ou o futuro. Não se adia nada para amanhã. A mensagem é "aqui e agora". Criticando o mundo do trabalho, ressuscita-se a categoria do jogo. Trata-se do gozo - lúdico - imediato.

Baseado em MELVILLE, Keith. Las Comunas en la Contracultura. Traducción Rolando Hanglin. Segunda edición. Barcelona (Espanha): Editorial Kairós, 1976. pp. 99-101. Livre tradução.

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