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No meio da Seca #Escutaí

  

  Eu guardei esse sentimento para um texto que fizesse vocês sentirem o que eu sinto. Por muitos meses eu comecei a reparar que a música me traz sensações corporais, é muito além de se emocionar ou de prestar atenção no que alguns acordes te falam. A música mexe com meu físico. Tanto me deixa extremamente cansada quanto parece apertar no botão de reset e tudo volta do começo. Depois de tanto silêncio, hoje eu encontrei a água que eu precisava beber. Eu procurava uma música que me desse a nítida sensação de imersão na água. É cair infinitamente. Sentir os elementos da terra passarem sobre minha pele suavemente, sentir  o nítido toque quente de uma mão em meu corpo. É algo que talvez você não esteja entendendo, mas sei que pode sentir isso por você está lendo isso, por você existir eu tenho certeza que você pode sentir. É sublime ver a relação que temos com a música, é divino, excede os padrões físicos, excede a razão. Como explicar por que o bebê dorme com o sussurro de sua mãe, ou como uma música instrumental parece ter tantas palavras, ou como os comerciais com música chamam mais a sua atenção, ou como a música me faz escrever, ou como ela cria imagens na cabeça Ricardo (mesmo que ele não entenda nada de música)...? Não há explicação.
  O que me trouxe a isso tudo, à esse lugar novamente, à essas sensações, é uma jovem moça, de 20 e poucos anos, com uma voz doce, terna, suave, extremamente sexy, real. Alternando seus tons entre blues e rock, dando voltas em R&B e soul, ela trouxe água para uma era tão seca de bons talentos, boas músicas. Lembro que falei dela ainda muito timidamente há alguns anos atrás e confesso não ter sido tocada por sua música até então. Mas creio que para tudo há um tempo certo, e hoje foi um dia daqueles que é preciso de uma música nova. Dia que o volume sempre parece está no 0 mesmo que esteja no seu máximo. As suas músicas não dizem nada, as letras não tocam nada, os instrumentos estão mudos e as vozes sem cordas. Então senti sua música como um bálsamo para um ouvido calejado de músicas silenciosas.
  Finalmente eu pude sentir um pouco daquela paz que antigamente eu costumava ter, um pouco da quietude e da clareza de dias passados. Veja, meus caros, o que a música faz: transformar um fogo tão cruel, insensível, vingativo, frio e destruidor, em um flor de pétalas claras, caule aveludado, que se inclina quando o Sol dança no tapete azul. Trouxe de volta o talento que jurei não mais usar, levou os traumas de um acordo mal feito, lavou a maquiagem adulta de um rosto infantil.
  Então, caros leitores, apresento-lhes a londrina, vencedora do prêmio Critic Choice, pela BRIT Awards, o Grammy de Artista Revelação, Melhor Vocal Pop Feminino e ser a primeira artista viva ao alcançar o primeiro lugar com uma música e um álbum na Inglaterra desde os Beatles, dona de uma beleza imensurável e pura,  o seu próximo vício, Adele.

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3 Comentários

  1. De repente, toda a rebeldia da menina roqueira se desfaz deixando revelar uma aura de romantismo envolvida em sonho, próprio de um era remota, como se ela houvesse nascido nos meados do século passado e dentro de um panorama surreal ter adormecido durante quatro ou cinco décadas, para acordar no século XXI como uma bela adormecida ao ser beijada por um príncipe andarilho e tímido que seguiu célere o próprio caminho deixando-a só desorientada com o gosto beijo nos lábios. Texto primorosamente carregado do sentimento intrínseco dos remanescentes do século vinte, casado com a canção para embalar os corações românticos e sonhadores. Perfeito!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Um dos meus vícios (incluindo, agora, Adele) é ler-te, minha ídola. Por mim, cada alfarrábio teu teria quilômetros. Acompanhado de tal música, então, eu viajo esta distância com prazer. Sou tiéte de vc desde a primeira vez.

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