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De que vale



De que vale minha filosofia apurada
Nesse propósito ingenuo próprio e puro
Ego inocente discurso e gesto coerente
Fitar o horizonte do ângulo da minha lente

Esse discurso ambulante embolorado
Essa retórica desgastante ultrapassada
Que não disfarça o teor de hipocrisia
Sob a capa servil camuflada no sistema

De que vale essa trombeta essa alarde
Esse contínuo alimentar essa fagulha
Como a salsa do horebe que só arde
Se não consigo transformar as estruturas

De que vale a imposição de oposição
Novo partido comandando a conjuntura
Quando as regras que fazem execução
Ainda e herança de antigas ditaduras

De que vale minha revolta e meu voto
Se a urna eletrônica o alicia
Se estou preso como areia em ampulheta
E o discurso de liberdade é pura algaravia

Vale a força pertinente e insistente
Que impele andar mão inversa dessa via
Desse sistema pútrido e incoerente
Que valoriza (intimamente) minha vã filosofia.

Edvair Ribeiro em 21/05/2011

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