Por Daniel Pereira da Silva
Por que os canais de televisão sempre abrem os seus telejornais com notícias do tipo "mundo cão"? Por que dedicam tanto tempo de sua programação a espraiar a neurose coletiva? Parece-me que propagar a paranoia, a sensação de insegurança tem uma utilidade: infundir a crença de que o privado é bom; o público, ruim. Compre um lote no condomínio fechado! Gaste seu salário no shopping center! Passe as suas férias no resort! Quanto tempo mais viveremos confinados nesses "paraísos artificiais"? Até o próximo choque de realidade...
Se o Poder Público, que concede a exploração da radiodifusão no País, monitorasse o cumprimento dos preceitos constitucionais, as grandes redes teriam perdido o direito de continuar no ar há muito tempo. Todas prestam um enorme desserviço à educação e à cultura, áreas que merecem um espaço marginal em sua grade horária.
A televisão ideal? Laica, mas aberta ao diálogo ecumênico e inter-religioso; livre de propaganda comercial; repleta de programas que incentivam a mediação de conflitos, a terapia de casais, o tratamento psicológico das famílias; "reality shows" baseados em trabalhos comunitários; novelas inspiradas em clássicos e revelações da literatura; filmes criativos, mesmo com produção modesta; transmissão de futebol regional e local, entre outros. Ah, em vez de mostrar mortes e mais mortes, que tal os nascimentos do dia? Pieguice? Não, humanidade. Cada vez mais urgente e inadiável.
O que fazer? Imediatamente, junte amigos e enviem mensagens aos anunciantes das televisões: "vocês estão sendo boicotados por veicularem propaganda no canal X, porque faz isso... ou deixa de fazer aquilo...". Enquanto isso, acumule forças para demandar do Estado o cumprimento da Constituição. Procure o seu representante parlamentar. Vote em candidatos que explicitem em suas plataformas eleitorais o compromisso com uma televisão de qualidade, regulada democraticamente.
A salvação está sim na Política (com inicial maiúscula), que é a arte de tornar possível o que hoje nos parece impossível...
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