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O Ministério da Magia adverte: assistir Harry Potter e as Relíquias da Morte causa sono

Ou o Bruxinho de Hogwarts que não tem mais tempo para se divertir

Ou Para quem gosta de spoiling

Por Daniel Pereira da Silva*


Se o Tiririca pode ser eleito Deputado Federal, por que não este co-editor, afeito, em geral, a assuntos da seara política, não poderia – é um milagre! – se arvorar a escrever sobre cinema, especialmente a respeito do blockbuster do momento?!

Fui assistir "Harry Potter e as Relíquias da Morte". Trata-se da primeira parte final (quosque tandem, Hollywood, abutere patientia nostra?!) da série de J. K. Howling. Evidentemente, um tremendo golpe de marketing, pois o filme – atenção à contra-indicação: esta resenha crítica é imprópria para fãs ardorosos do Bruxinho de Hogwarts – não mereceria duas horas e meia de duração. É chato, maçante, enfadonho.

O único trecho do filme que me despertou e é digno de interesse foi a dança entre Harry e Hermione, por duas razões:

1ª) É inegável que existe um sutil triângulo amoroso entre Harry, Hermione e Rony, sub-enredo que poderia ser melhor explorado – seria exigir demais um relacionamento aberto a la "Jules et Jim", de François Truffaut... Diz-se que a protagonista, pelo menos na obra literária, é bem-resolvida amorosamente e que considera o primeiro apenas um amigo. No entanto, as imagens deixam entrever um sentimento que vai além do mero companheirismo. Humanizam-se, assim, os personagens, inserindo uma boa dose de ambiguidade e recalque.

2ª) A sequência do rodopiar dos aprendizes de feiticeiro dispensou o diálogo. Harry, por meio de um sinal, chama Hermione para o bailado. O resto é puro enlevo (ué, cadê o spoiler?!). E o silêncio vale mais do que mil palavras... A condução da jovem desengonçada, a cumplicidade e a entrega proporcionam um dos raros instantes de descontração e alegria deste episódio da trama. Adolescentes que se levam a sério demais é inverossímil até para uma película de ficção...

O problema é que o longa-metragem é uma overdose de clichês. Não inova ou transforma criativamente a fórmula de sucesso comercial. Há tantos filmes antecedentes que abordaram esse universo de magia com maior competência que este, para superá-los, deveria ter ousado naquilo que o humor britânico tem de melhor e, acima de tudo, a espontaneidade marcante de nossa juventude, ávida - mesmo inconscientemente - por contracultura.

* Semeador de utopia, cavaleiro errante das causas quase perdidas e co-mistificador deste blogue.

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2 Comentários

  1. HAHAHA! Quantas surpresas em um só post!:

    Danny postando um texto próprio;
    Danny postando um texto próprio sobre cinema;
    Danny postando um texto próprio sobre cinema falando sobre Harry Potter!

    É um prazer lê-lo. Dê-nos essa honra com mais frequência.

    De co-editor pra co-editor!

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